Ferreira Diniz nega contactos com Jorge Ritto – Casa Pia

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casa_pia_notO médico Ferreira Diniz, arguido no processo Casa Pia, reiterou ontem em Tribunal que nunca contactou com o arguido Jorge Ritto, afirmando que dados no processo que indicam contactos entre telemóveis de ambos poderão estar errados.

Na sessão de ontem do julgamento do processo de abuso sexual de menores casapianos, Ferreira Dinis referiu-se a uma acta da juíza presidente constante no processo que indica três chamadas em 2001 entre um número de telemóvel que lhe pertencia e o do telemóvel do embaixador Jorge Ritto.

O médico afirmou que pediu “a um informático” que analisasse esses dados, constantes de uma “folha de Excel” que refere um “ CD cinco” compilado pela operadora TMN em 2003, e que entre os registos ali indicados há até chamadas feitas em 2006.

“Isso faz com que se possa pôr muitas dúvidas sobre a autenticidade dos dados”, disse, acrescentando que ou as chamadas de 2001 “não existiram” ou são resultado “de sistemas de análise baralhados”.

Ferreira Diniz disse aos jornalistas à saída do Tribunal que, quando pediu dados relativos a 2001 à TMN, a operadora lhe disse que tinham sido apagados e não poderiam ser recuperados.

Acontece que, segundo o informático que o médico diz ter analisado os dados no processo, tentativa de recuperar dados apagados pode levar a que os registos recuperados sejam “conspurcados com dados recentes”.

“Só posso pôr uma hipótese: foram retirados ficheiros de bases de dados da TMN e pode ter havido, inadvertidamente, a introdução de dados errados”, afirmou na sessão de julgamento.

Perante o colectivo de juízes, Ferreira Diniz avançou ainda outra hipótese: a terem sido feitas, as chamadas entre o seu telemóvel e o do embaixador Jorge Ritto poderão ter sido feitas “por um utente” da sua clínica, utilizando um telemóvel ao serviço da clínica.

Para substanciar esta hipótese, afirmou que a sua clínica tinha “pacotes” de cartões de telemóvel – “dez a quinze” – e que, uma vez que as três chamadas ocorreram todas num período de algumas horas, pode ter-se dado o caso de um utente seu ter pedido para utilizar um telefone da clínica, “como acontece em qualquer lado”, e feito chamadas para Jorge Ritto.

Mas o arguido frisou que o número que terá alegadamente contactado com o de Jorge Ritto não era o seu número de uso pessoal, que afirmou utilizar ainda hoje, mas sim um dos números alocados aos “pacotes” de serviço móvel da clínica.

“Não fiz, directa ou indirectamente, ou por interposta pessoa, qualquer contacto com o embaixador Jorge Ritto”, reiterou.

O julgamento do processo de pedofilia da Casa Pia continua no próximo dia 23.

Além de Ferreira Diniz e Jorge Ritto, respondem por vários crimes sexuais o apresentador Carlos Cruz, o ex-provedor-adjunto da Casa Pia Manuel Abrantes, o ex-motorista casapiano Carlos Silvino, o advogado Jorge Marçal e Gertrudes Nunes, dona de uma casa de Elvas onde alegadamente ocorreram abusos de menores casapianos.

APN.

Lusa/fim

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