Delphi: Decisão sobre encerramento da fábrica de Ponte de Sôr adiada
A administração da Delphi adiou para a próxima semana a decisão de encerramento da unidade de Ponte de Sôr, Portalegre, prevista para o final do ano, com os sindicatos a avisarem que qualquer solução alternativa não poderá passar por reduções salariais.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás (SINQUIFA), a administração da Delphi está a estudar a possibilidade de encontrar uma outra actividade para a fábrica, a fim de manter os postos de trabalho, mas a proposta concreta apenas será apresentada durante a próxima semana.
O SINQUIFA foi um dos três sindicatos que hoje foram recebidos na sede em Lisboa da multinacional norte-americana para saber a situação da fábrica de Ponte-de-Sôr, uma das cinco unidades em Portugal da fabricantes de componentes automóveis cuja actividade vai ser reestruturada até ao final do ano.
No decorrer da reunião, segundo o sindicalista Delfim Mendes, a administração procurou saber se os trabalhadores teriam disponibilidade para “reduzir condições de trabalho e salariais”, disse.
“Dissemos à administração que qualquer alternativa que implicasse a perda de remuneração não teria pés para andar”, acrescfentou Delfim Mendes.
De acordo com o SINQUIFA, o estudo de uma actividade alternativa para manter os postos de trabalho “é positivo” mas apenas se for um “projecto sustentável” e não “apenas para continuar a actividade artificialmente para daqui a uns meses encerrar”.
Os trabalhadores vão reunir-se sexta-feira em plenário para que todos fiquem a conhecer a proposta da administração.
Caso os trabalhadores não aceitem a proposta da administração, o cenário mais provável é o encerramento da fábrica e o despedimento colectivo de 439 operários efectivos.
Os sindicatos (SINQUIFA, SIMA e SINDEC) irão por isso analisar qualquer solução de viabilização da unidade “com muito cuidado” por temerem que a administração arranje maneira de “fugir ao cumprimento do acordo sobre o valor a pagar aos trabalhadores”, afirmou Delfim Mendes.
“Foi tudo no terreno dos ‘ses’, nada em concreto”, sublinhou ainda o sindicalista, referindo que a administração da Delphi admitiu, no entanto, durante a reunião que “será dificil” encontrar uma solução que viabilize a manutenção da fábrica em Ponte de Sôr.
“É um concelho pouco industrializados e com poucas industrias”, disse.
A Lusa tentou ouvir a administração da multinacional, mas fonte da Delphi diz não ter mais comentários a fazer nesta altura.
A reunião desta manhã aconteceu depois de na quarta-feira a administração da Delphi ter anunciado que na fábrica da Guarda, que fabrica cablagens para o sector automóvel e emprega 950 trabalhadores, vão ser despedidos 500 operários entre o final do ano e o primeiro trimestre de 2010.
A fábrica de Ponte de Sôr, que emprega 439 operários efectivos, produz apoios, volantes, airbags, mecanismos para portas de correr automatizadas e sistemas de protecção de ocupantes para vários modelos de veículos automóveis.
A Delphi tem cinco fábricas em Portugal: Guarda, Portalegre, Seixal, Castelo Branco e Braga.
ICO.
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