Cultura: Exposição em Cáceres retrata cinco séculos de “interculturalidade” da azulejaria portuguesa

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azulejoUm total de 28 painéis de azulejos portugueses, sobre várias temáticas e que traçam o percurso da azulejaria nacional nos últimos cinco séculos, estão expostos na cidade espanhola de Cáceres, até 15 de Novembro.

“Quem visitar a exposição, pode ficar a conhecer, não só as peças de azulejaria de inspiração espanhola, da Península Ibérica, como a impulsão do azulejo em Portugal”, explicou hoje à agência Lusa a directora do Museu Nacional do Azulejo, Maria Antónia Pinto de Matos.

A mostra, integrada na décima edição do encontro hispano-português “Ágora – O Debate Peninsular”, segundo a mesma responsável, apresenta uma selecção de azulejaria portuguesa desde “finais do século XV e inícios do século XVI até à actualidade”.

Os 28 painéis, dos milhares que compõem o espólio do Museu Nacional do Azulejo, foram “escolhidos, de propósito, para abordar o tema da interculturalidade”, acrescentou Maria Antónia Pinto de Matos.

Intitulada “O Azulejo em Portugal. Lugar de encontro das culturas”, a exposição está patente, desde o passado dia 15, na Fundação Mercedes Calles – Carlos Ballestero, em Cáceres, cidade que acolhe a edição deste ano do “Ágora”, promovido pela Junta da Extremadura para dar a conhecer a cultura portuguesa naquela comunidade autónoma.

A mostra, cujo catálogo está disponível em português e em castelhano, tem como comissário João Pedro Monteiro, responsável pelo departamento de Investigação do Museu Nacional do Azulejo, e está dividida em “quatro núcleos temáticos”.

O primeiro diz respeito ao “encontro peninsular”, com peças dos séculos XV ao XVII, não apenas painéis “de padrão mudéjar”, em que os visitantes “podem contactar com técnicas herdadas do mundo islâmico”, como também outros “de influência renascentista e maneirista”.

Os “reflexos da Europa” são a temática do segundo núcleo, dedicado aos séculos XVI e XVIII, em que estão reunidas “todas as influências italianas, flamengas, francesas e holandesas na azulejaria portuguesa”, enquanto que o terceiro núcleo aborda “a abertura ao Mundo”, a partir dos Descobrimentos, com peças dos séculos XVI ao XIX.

“Como o título sugere, retratamos aqui todas as influências que recebemos na azulejaria do encontro com novas gentes e mundos, sobretudo do Oriente”, adiantou Maria Antónia Pinto de Matos.

Este terceiro núcleo retrata ainda “uma época em que havia muito dinheiro” e em que o azulejo “é muito bem associado à talha dourada”, o que dá início ao “ciclo dos mestres”, com a necessidade de “recorrer a ceramistas com formação e experiência, começando os pintores a assinar as suas peças”, precisou.

Numa quarta e última secção da exposição, dedicada “às expressões contemporâneas da tradição”, estão em destaque os painéis de azulejos “assinados”, desde o século passado, por autores como Maria Keil, Júlio Pomar, Eduardo Nery, Lurdes Castro, Querubim Lapa e Bela Silva.

Maria Antónia Pinto de Matos lembrou ainda à Lusa que o azulejo é um património representativo da cultura portuguesa, mas, ao contrário do que aconteceu com outros povos, em Portugal “não foi utilizado exclusivamente para decorar, mas sim para revestir a arquitectura”.

“O azulejo conquistou as ruas, revestiu fachadas de edifícios civis e outros elementos arquitectónicos, como colunas, e chegou aos nossos dias reinterpretado, mediante o trabalho de artistas que trabalham em material cerâmico, actualizando de forma permanente uma arte com profundas raízes tradicionais”, salientou.

RRL.

Lusa/Fim

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