Vinhos: “Néctar” português único reúne “o melhor” do Alentejo e Douro

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vinhosBeja  – Do “sonho” e da “ousadia” de um produtor vitivinícola de Beja e de um enólogo do Porto nasceu um vinho de mesa português “único”, que mistura “o melhor” das castas e dos “néctares” do Alentejo e do Douro.

O Uvas Castas “é um bom exemplo da mistura dos vinhos típicos” das duas regiões vitivinícolas, disse à agência Lusa o produtor Henrique Uva, da Herdade da Mingorra, na freguesia de Trindade (Beja), um dos “cérebros” da “experiência engraçada” que resultou num “casamento feliz”.

O vinho “nasceu do sonho de reunir as melhores características dos vinhos do Alentejo e do Douro”, contou o enólogo Pedro Hipólito, a trabalhar no Alentejo há vários anos, confessando que “foi um desafio” criar o Uvas Castas.

Trata-se de um vinho “único” que “tem na sua génese” as características “muito bem casadas” dos vinhos de duas regiões vitivinícolas “com pesos bastantes pronunciados”, frisou.

Ou seja, o Uvas Castas reúne “a longevidade, concentração, estrutura e complexidade” dos vinhos do Douro e “a elegância, suavidade e maciez” dos vinhos do Alentejo, precisou Pedro Hipólito.

“É muito provável que um enólogo, numa prova cega, ficasse na dúvida, porque encontraria características que o fariam lembrar os vinhos do Alentejo e, ao mesmo tempo, os do Douro”, salientou.

Após anos a produzir uvas para vender a outros produtores, Henrique Uva investiu 2,5 milhões de euros na construção de uma adega e começou a produzir vinho próprio em 2004.

Paralelamente à produção dos três principais vinhos da herdade, Henrique Uva avançou logo em 2004 com a experiência do vinho Uvas Castas.

Uma experiência que resultou da “curiosidade” em vinificar isoladamente uvas das vinhas da Herdade da Mingorra, 60 hectares das quais “com mais de 30 anos”, “das mais antigas” e “quase uma raridade” no Alentejo, e da Quinta de Santa Susana, situada no Douro, entre a Régua e o Pinhão, e propriedade da sogra, para posteriormente as misturar e fazer um lote Alentejo/Douro.

A experiência “correu bem” e “conseguiu-se um produto final que excedeu as expectativas”, frisou Pedro Hipólito.

Desde então, à excepção de 2006, Henrique Uva transporta, todos os anos, em camiões de frio, cerca de cinco mil quilos de uvas das vinhas da Quinta de Santa Susana, “com mais de 70 anos”, para a adega na Herdade da Mingorra.

As uvas das vinhas da Mingorra e da Quinta de Santa Susana são vinificadas em pequenos lagares de inox na adega e os vinhos produzidos ficam isoladamente em estágio durante seis meses em barricas de carvalho francês.

Após o estágio, os vinhos do Alentejo e do Douro são misturados em igual quantidade num lote, dando origem ao Uvas Castas, que fica mais seis meses a estagiar na cave da adega também em barricas de carvalho francês e até ser engarrafado.

Já nas garrafas, o vinho continua em estágio na adega “entre um ano e um ano e meio” até ser comercializado, explicou Henrique Uva, referindo que o Uvas Castas de 2004 já foi todo vendido, o de 2005 está a ser comercializado, o de 2007 está a estagiar em garrafas e o de 2008 em barricas.

Apesar de o Uvas Castas se “vender bem” em Angola e na Bélgica, frisou, a “aposta” da Herdade da Mingorra é comercializar o vinho em Portugal, junto do público-alvo, ou seja, “restaurantes de qualidade acima da média e algumas garrafeiras”.

Lusa/Fim

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