Beja: Novo presidente da Câmara “bastante preocupado” com situação financeira do município
Beja – O novo presidente da Câmara de Beja mostrou-se ontem “bastante preocupado” com a situação financeira da autarquia, sobretudo com atrasos de quase nove meses em pagamentos a fornecedores e empreiteiros e o “elevado volume” de despesas correntes.
“Ainda não disponho de um relatório rigoroso mas já tive conhecimento de algumas situações que me deixaram bastante preocupado”, disse à agência Lusa o socialista Jorge Pulido Valente, que tomou posse na passada sexta-feira.
“A Câmara tem pagamentos a fornecedores e empreiteiros atrasados em cerca de nove meses”, precisou, frisando tratar-se da situação “mais preocupante” porque “é a mais complicada e a mais difícil de resolver”.
Aos atrasos, que “mexem com a vida e as finanças de muitas empresas”, continuou, junta-se o “elevado volume de despesas correntes, sobretudo as dos últimos dez meses”.
“Foi uma fase pré-eleitoral em que houve um disparo muito significativo das despesas correntes sem qualquer controlo ou correspondência com as receitas e muito acima das possibilidades da Câmara”, disse.
Jorge Pulido Valente mostrou-se também “preocupado” com um empréstimo de “cerca de um milhão de euros” contraído pelo anterior executivo CDU para “resolver dificuldades de tesouraria” e que “já foi todo aplicado” e “terá que ser pago até meados do próximo ano”.
“Será necessário equilibrar a situação financeira da Câmara”, disse Jorge Pulido Valente, referindo que o novo executivo vai “racionalizar despesas correntes” e “reavaliar algumas despesas de investimento”.
Para “racionalizar as despesas correntes”, precisou, o executivo vai “poupar” em áreas como “o aprovisionamento, os combustíveis, as comunicações, o pessoal e, eventualmente, nos apoios externos a entidades”, que “terão que ser atribuídos através de critérios e montantes definidos e não casuisticamente”.
Quanto às despesas de investimento, explicou, o executivo vai “reavaliar uma série de obras já anunciadas ou em fase de adjudicação”, que “envolvem montantes muito elevados”, para “decidir se devem avançar ou não”.
“Temos dúvidas sobre a prioridade de algumas obras” que “não têm financiamento comunitário garantido nem terão hipóteses de o obter” e “será difícil para a Câmara financiá-las só através do orçamento municipal”, explicou.
A situação financeira da autarquia de Beja “está a ser analisada” e “o executivo prevê apresentar um relatório rigoroso logo que possível, talvez na próxima reunião de Câmara”, disse Jorge Pulido Valente.
“Queremos uma gestão transparente e a transparência começa nas contas”, disse o autarca, que presidiu terça-feira à primeira reunião do novo executivo da Câmara de Beja, composto por quatro eleitos pelo PS e três pela CDU.
A distribuição de pelouros e as nomeações para os conselhos de administração das três empresas municipais de Beja pelo presidente e pelos três vereadores do PS foram as decisões tomadas na reunião e que contaram com a abstenção dos eleitos da CDU.
LL.
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