Transportes: Compra de licenças de taxi fazem estalar guerra na direcção da Antral
A polémica instalou-se no seio da Associação Nacional dos Tranportadores em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), com o presidente, Florêncio Almeida, e o director para as relações externas, Francisco Pereira, a trocarem acusações sobre “aproveitamento”, “oportunismo” e “falta de ética”.
Francisco Pereira acusa o presidente de ir à província comprar licenças de táxis por 2.000 ou 3.000 euros para ter capacidade de dar resposta aos contratos que tem com seguradoras para o transporte de assistência médica.
Como existem mais de mil táxis a mais em Lisboa, diz, ao “comprar essas licenças baratas em zonas onde há falta de rentabilidade, está a tirar o serviço a muitos taxistas de Lisboa e, na qualidade de presidente, tal é uma atitude eticamente reprovável”, disse à agência Lusa Francisco Pereira, que tem a seu cargo as relações com as autarquias e as polícias.
Numa carta circular, Francisco Pereira salienta que o presidente “incentivou um suplente da direcção da ANTRAL a seguir o mesmo exemplo, situação que se repetiu com outra pessoa, ao adquirir por influência do mesmo uma licença de táxi “isento de cor em Portalegre”.
Como é possível “tal atitude de um presidente que sempre defendeu que os táxis destinados à província são para servir a população local”, questiona, reportando-se a “fortes contestações de industriais de Palmela, Almada, Sintra e Estoril e Sacavém”.
Por outro lado, o lançamento recente de 50 licenças de táxi em Lisboa pela câmara e pelo Instituto Nacional de Mobilidade, destinadas ao transporte de deficientes e serviço normal de passageiros, terá também contribuído para a cisão na associação.
Na altura, a ANTRAL defendeu que as licenças deveriam servir apenas o transporte de deficientes para evitar o agravamento de mais táxis na capital. Contudo, o presidente também está entre as centenas de candidatos.
Em declarações à Lusa, o presidente da ANTRAL disse que apresentou duas candidaturas, uma em “nome pessoal” e outra pela sua sociedade, esclarecendo que as propostas “visavam apenas o transporte de pessoas com mobilidade reduzida”.
Florêncio Almeida respondeu também às acusações que lhe são feitas e comentou a carta, dizendo que “algumas coisas são verdade, como o caso das licenças compradas em zonas fora de Lisboa, podendo trabalhar com elas em qualquer parte do país, desde que seja para serviços de contrato com empresas, hotéis, seguradoras”, entre outros.
“Ando a trabalhar a contrato e diga-se que os táxis de Lisboa transportam pessoas por todos os concelhos de Lisboa, que vão, por exemplo, fazer fisioterapia, tenho inclusive um táxi no Bombarral que traz pessoas para Lisboa a fim de fazerem tratamento”
O presidente da ANTRAL fez ainda acusações várias a Francisco Pereira, nomeadamente o facto de ter “uma licença clandestina” num carro, e que trabalha indevidamente com a sua empresa “Animação Turística” a transportar pessoas para fazerem hemodiálise dentro de Lisboa, quando, conclui, “só pode levar pessoas para eventos organizados por essa mesma empresa, festas, recepções”.
AV.
Lusa/fim