Dúvidas de clínicos sobre vacina sem “fundamento” – associação de médicos de clínica geral
Évora (Lusa) – O presidente da Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral (APMCG), João Sequeira Carlos, garantiu ontem não haver “fundamento” para dúvidas dos profissionais de saúde sobre a “segurança e eficácia da vacina” contra a gripe A.
O responsável da APMCG reconheceu que o processo de vacinação contra o H1N1 (gripe A), iniciado a 26 de Outubro, tem acarretado “controvérsia”, quer “pelo programa no terreno”, quer por gerar “algumas dúvidas” entre enfermeiros e médicos.
Mas, afiançou João Sequeira Carlos, que falava à agência Lusa à margem do 14º Congresso Nacional de Medicina Familiar, a decorrer em Évora, essas dúvidas dos médicos estão, progressivamente, a ser dissipadas.
“Estou certo que o panorama está a mudar e faço minhas as palavras do director-geral da Saúde [Francisco George]”, disse, frisando: “Não há qualquer fundamento para haver dúvidas” sobre a “segurança e eficácia da vacina”.
Já no domingo, também em Évora e à margem da abertura do congresso, o director-geral da Saúde, afirmou que os “últimos indicadores” sobre a campanha de vacinação confirmam “uma subida de adesão na segunda semana”, em comparação com a primeira.
“As interrogações levantadas por alguns enfermeiros e médicos estão a atenuar-se, mas ainda têm alguma expressão”, referiu Francisco George.
O director-geral da Saúde garantiu ainda que esta vacina, tal como “todas as vacinas da gripe”, tem “um perfil de segurança confirmado, caso contrário não teria sido licenciada pela Agência Europeia do Medicamento”.
Questionado pela Lusa sobre esta campanha de vacinação e as dúvidas dos médicos, o presidente da APMCG lembrou que a decisão de ser ou não vacinado é “pessoal”.
Contudo, ressalvando falar “a título pessoal”, numa visão “partilhada com a Direcção-Geral de Saúde e a maioria dos médicos de família”, João Sequeira Carlos argumentou que “fazer a vacina é uma questão de responsabilidade profissional”.
“Estamos a proteger-nos a nós próprios, a proteger os nossos doentes e a assumir o papel que temos na sociedade, que é o de atender os nossos doentes”, defendeu.
Pelo contrário, ao não serem vacinados, comparou, os médicos que tomarem essa opção estarão, “provavelmente, a comprometer dias que serão de incapacidade e de ausência no serviço”.
“E estaremos a contribuir para um menor número de força de trabalho numa altura em que não podemos falhar, porque vai haver, certamente, uma sobrecarga de serviços e de procura de cuidados de saúde. Portanto, todos somos poucos e temos todos de trabalhar em equipa”, sustentou.
A vacina “é a arma principal, a partir deste momento, para combater” a gripe A e “felizmente que está disponível”, afirmou.
“Portanto, só temos que ser positivos em relação à vacina”, acrescentou João Sequeira Carlos, que disse acreditar que “está a diminuir o número de profissionais de saúde que têm dúvidas em relação à vacina”.
A gripe A, que o mesmo responsável disse ser o “desafio do momento”, é um dos temas em destaque no 14º Congresso Nacional de Medicina Familiar, que conta com 560 inscritos e termina esta terça-feira.
RRL.
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