Alcácer do Sal: Produtores de arroz contestam lei do do arrendamento rural e reclassificação de zonas desfavorecidas

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alcacer12-ccProdutores de arroz da região de Setúbal exigiram ontem a revogação na nova lei do arrendamento rural e apelaram ao governo “para que diga não à proposta da União Europeia de reclassificação das zonas desfavorecidas no distrito”.

As revindicações dos agricultores, que também exigem a intervenção do governo na fixação do preço do arroz ao produtor na campanha de 2009, foram  apresentadas ao governador civil de Setúbal, Mário Cristóvão, depois de uma marcha lenta entre Alcácer do Sal e Setúbal, em que participaram cerca de 50 orizicultores.

Segundo revelou à Lusa Avelino Antunes, que integrou a comissão recebida pelo governador civil, em representação da Associação de Agricultores do Distrito de Setúbal, o governo ainda não respondeu às questões colocadas pelos agricultores, designadamente no que respeita ao pedido de intervenção no preço do arroz ao produtor.

“É o preço mais baixo pago pelo arroz à produção na Europa, ao mesmo tempo que temos os preços dos factores de produção mais altos. A situação é insustentável e está em causa a sobrevivência dos agricultores e rendeiros produtores de arroz”, disse Avelino Antunes.

Os agricultores estão também particularmente preocupados com a nova lei do arrendamento rural, aprovada a 13 de Outubro, que, segundo Associação de agricultores, “vai liberalizar as rendas no sector e pôr em causa a sobrevivência de muitos produtores de arroz”.

Por outro lado, explicou Avelino Antunes –, “está em causa a reclassificação de zonas desfavorecidas do distrito, que ao perderem aquele estatuto de regiões desfavorecidas, perdem também direito aos apoios comunitários para os agricultores”.

“Com a proposta que existe na Comissão Europeia, os concelhos de Alcácer do sal, Grândola e Santiago do Cacém, bem como as freguesias da Marateca e Poceirão, no concelho de Palmela, e de Pegões, Santo Isidro de Pegões e Canha, no Montijo, deixam de ser consideradas zonas desfavorecidas e os agricultores deixam de receber os apoios”, disse.

As revindicações dos produtores de arroz do distrito de Setúbal, que também acusam as grandes superfícies comerciais de fazerem “dumping” com arroz importados de países asiáticos, constam de um documento que foi entregue ao governador civil Mário Cristóvão.

O dirigente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), António Ferraria, que acompanhou a manifestação dos agricultores der Alcácer do Sal, adiantou à Lusa que o governador civil se comprometeu a fazer chegar, rapidamente, ao governo o documento reivindicativo dos agricultores.

“O governador civil comprometeu-se a fazer chegar ao governo o documento que lhe entregámos e disse-nos que o ministro está a elaborar um plano para ajudar a agricultura portuguesa. Esperemos que assim seja e que surjam algumas medidas de apoio à agricultura e à agricultura familiar”, disse o dirigente da CNA.

“O ministro tem de nos apresentar provas concretas de que as coisas vão mudar. Porque se não mudarem, nada mais nos resta do que lutar pelos nossos direitos”, concluiu António Ferraria

GR

Lusa/Fim

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