Política: “O Capital”, de Marx, continua actual quase 150 anos depois – PCP
O mundo mudou muito desde que Karl Marx escreveu “O Capital” mas “não mudou a essência das relações de produção capitalistas”, nem “a sua natureza exploradora”, afirmou ontem o secretário-geral do PCP.
Jerónimo de Sousa falava na sessão de apresentação do Livro Segundo – Tomo V de “O Capital”, publicado pelas Edições Avante!, que teve lugar na Reitoria da Universidade de Lisboa com a presença do responsável pela tradução para português, o professor universitário José Barata-Moura.
Para Jerónimo de Sousa, “O Capital”, obra que começou a ser publicada em 1867, continua actual, na medida em que “o modo de produção capitalista no tempo de Marx assenta, tal como hoje, na apropriação privada, por parte dos possuidores dos meios de produção, do produto do trabalho social dos que apenas possuem a sua força de trabalho”.
A obra de Karl Marx, em particular o Livro Segundo, que aborda o processo de circulação do capital, é actual também “perante a crise do capitalismo mundial que, com estrondo, explodiu em Agosto de 2007, ampliando o drama do desemprego, da pobreza e da fome”, acrescentou o secretário-geral do PCP, para quem a crise continua viva.
“Aqueles que procuram fazer crer, como acontece em Portugal, que a economia já saiu da crise evocando a animação bolsista – isto é, a especulação bolsista – estão pura e simplesmente a tentar criar um clima favorável a que a especulação continue e se intensifique”, sublinhou.
“Querem sair da crise mantendo a concentração da riqueza sem aumentar o poder aquisitivo das massas”, reprovou o responsável do PCP, para quem essa atitude tem como consequência “a destruição da capacidade produtiva, as falências, as fusões e concentrações e os brutais flagelos sociais que lhes estão associados”.
Jerónimo de Sousa criticou ainda “aqueles que, como PS e PSD, têm entregue o país à crescente dominação pelo capital estrangeiro”, acusando-os de considerarem que “a industrialização do país, a substituição da produção estrangeira pela nacional, o investimento produtivo, o aumento da produtividade e competitividade através da melhoria de gestão e do aproveitamento dos nossos recursos está fora de moda”.
Ainda durante a sessão, o líder comunista saudou a importância desta tradução – já que “Portugal é dos poucos países da Europa, senão o único, aonde não existe uma publicação integral” de “O Capital” – e frisou que a Humanidade deve a Marx o projecto de “construção de uma sociedade sem classes e liberta de todas as formas de exploração e alienação”.
HSF.
Lusa/fim