Literatura: Mais de 2000 poemas de 267 autores em antologia “Poemas Portugueses”
Mais de 2000 poemas, de 267 autores, do século XIII ao século XX, foram seleccionados para aquela que poderá ser, num só volume, de 2152 páginas, a mais extensa antologia poética já publicada em Portugal, “Poemas Portugueses”.
Na história da edição de antologias de Poesia em Portugal, a que agora se publica, com organização de Jorge Reis-Sá e Rui Lage e selo da Porto Editora, apenas é ultrapassada em número de páginas (cerca de 3000) pela que em 1977 Alexandre Pinheiro Torres organizou para a Lello, com o título “Antologia da poesia portuguesa”. Esta, porém, foi lançada no mercado em dois volumes, com cerca de 1500 páginas cada.
Na introdução, Reis-Sá e Lage realçam como elemento de distinção da sua antologia relativamente às organizadas no passado o facto de ela ser “a primeira antologia panorâmica que abarca a poesia portuguesa desde os seus alvores, na transição do século XII para o século XIII, cerca de seis décadas após o nascimento do Reino de Portugal, até ao presente, entendendo-se por presente o ano de 2008(…)”
“Em consequência desta novidade – escrevem – surge uma outra: a de ser esta a primeira vez que todo o arco temporal do século XX é objecto de um projecto antológico não exclusivo, isto é, nem temático, nem tendencioso”.
Para este ambicioso projecto, os antologiadores partiram com uma confessa “preocupação”: a de que a antologia fosse “o mais possível representativa, que abrangesse tantas tendências, sensibilidades e créditos poéticos” quantos conseguissem “divisar”.
Neste quadro, asseguram ter procurado “a todo o custo” evitar que a antologia “procurasse, aberta ou disfarçadamente, marcar territórios ou tomar partidos”.
A antologia está organizada “por ordem cronológica do nascimento de cada poeta”, abrindo com a “Cantiga de Garvaia”, de Pai Soares de Taveirós, trovador do primeiro decénio do século XIII, e fechando com um poema de Outubro de 2008, “Rasto”, de Luís Quintais.
Os 267 poetas antologiados têm a preceder o poema ou poemas da sua autoria seleccionados para a obra “brevíssimos verbetes” explicativos, redigidos por cerca de 50 “especialistas nos autores em questão ou nos períodos e movimentos a que é lícito associá-los”. Entre eles, Eduardo Pitta, Eucanaã Ferraz, João Luís Barreto Guimarães, Nuno Júdice, Margarida Vale de Gato e Vasco Graça Moura.
Vasco Graça Moura, que é também um dos autores antologiados, escreve num Prefácio à antologia que esta “é um trabalho sério e importante, baseia-se num grande conhecimento da literatura portuguesa e em opções de gosto seguras, recupera autores que, por vezes, não se encontram facilmente disponíveis no mercado editorial, percorre um arco de tempo que vem dos cancioneiros medievais até aos nossos dias, permite cruzamentos, correlações e derivas, enfim, propõe ao grande público uma compilação monumental e pistas fascinantes no interior da cultura portuguesa”.
Numa nota sobre a obra, a editora assinala ser esta a primeira vez que “é feito um trabalho de compilação deste género, sem obedecer a interesses comerciais ou a qualquer outra tendência que pudesse alterar a imparcialidade e rigor”.
A antologia tem lançamento agendado para meados de Dezembro.
RMM.