Líder parlamentar do PS acusa oposição de querer fazer “ajuste de contas”
Beja – O líder parlamentar do PS acusou ontem a oposição de querer fazer um “ajuste de contas” com o passado e “julgar retroactivamente” o governo anterior, referindo que há uma “conflitualidade exagerada” na Assembleia da República.
“Estamos a passar uma fase inicial da legislatura marcada por uma conflitualidade um pouco exagerada e por uma vontade clara da parte das oposições de fazerem um ajuste de contas permanente com o passado, como se estivessem todos os dias a julgar retroactivamente o governo anterior”, disse Francisco Assis, que falava aos jornalistas em Beja, após uma visita institucional da direcção do grupo parlamentar do PS ao governador civil de Beja, Manuel Monge.
A visita marcou o arranque das Jornadas Parlamentares do PS, que vão decorrer até quarta-feira em Beja e são dedicadas ao desenvolvimento regional, competitividade e sustentabilidade.
Segundo Francisco Assis, PS e oposição têm que “compreender que estamos numa fase nova” e “é importante que garantamos todos a estabilidade política do país”.
“Vamos ter um momento crucial de discussão e, espero, de aprovação do Orçamento do Estado para 2010”, a partir de Janeiro, que “será um momento clarificador e, acredito, estabilizador da vida política em Portugal”, previu Francisco Assis, mostrando-se “convencido” de que “dentro de dois a três meses” a situação de conflitualidade “estará um pouco ultrapassada”.
Francisco Assis disse que “não acredita” que a ingovernabilidade do país “se venha a concretizar”, apesar de referir que, nas últimas semanas, “foram cometidos erros graves por parte dos partidos da oposição” que “podem concorrer” para que “se insinue” aquela ideia.
“Se percebêssemos que tínhamos uma oposição que era totalmente incapaz de se disponibilizar para um diálogo sério com o Governo e que não queria outra coisa que não fosse pôr em causa esse mesmo Governo, é evidente que aí teríamos que tirar ilações. Mas penso que, neste momento, seria precipitado tirar ilações dessa natureza”, disse.
“É possível garantir a governação do país nos próximos anos, neste quadro parlamentar. É uma luta que temos que travar”, defendeu Francisco Assis, lembrando que o Governo tem um programa que “está obrigado a cumprir” mas “não dispõe de maioria absoluta no Parlamento”.
Por isso, frisou, “tem que promover entendimentos para assegurar a estabilidade política do país e a aprovação dos principais documentos”, como o Orçamento do Estado para 2010.
Confrontado com o desafio lançado domingo pelo líder do CDS-PP, Paulo Portas, ao primeiro-ministro, José Sócrates, Francisco Assis disse que o Governo “tem a responsabilidade e a obrigação de apresentar uma proposta de Orçamento e, depois, evidentemente, tem que ter disponibilidade para ouvir os partidos da oposição”.
Uma audição destinada a “integrar sugestões” da oposição que “não ponham em causa linhas essenciais do programa do Governo” e “tendo em vista a obtenção de uma maioria que permita a aprovação do Orçamento do Estado”.
Paulo Portas desafiou domingo José Sócrates a negociar com os partidos antes de apresentar a proposta de Orçamento do Estado para 2010, considerando que, num Governo sem maioria, “é de boa fé abrir negociações antes”.
LL.
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