Beja: Novo autarca pede auditoria externa para avaliar alegadas irregularidades
Beja, 23 Dez (Lusa) – O novo presidente da Câmara de Beja (PS) pediu uma auditoria externa para avaliar alegadas irregularidades financeiras cometidas pelo anterior executivo CDU, como utilização de empréstimos para fins diferentes dos contratados e despesas assumidas sem aprovação.
A auditoria externa, já adjudicada a um revisor oficial de contas, surge após o novo executivo ter feito uma avaliação interna à situação financeira da Câmara e detectado “situações que considera irregulares e outras que podem eventualmente ser ilegais”, disse hoje à agência Lusa o presidente da Câmara, Jorge Pulido Valente.
“Pedimos a auditoria externa para avaliar as situações irregulares detectadas, os procedimentos realizados e as eventuais implicações legais da ausência de procedimentos previstos na lei”, explicou.
Segundo o autarca, “não se trata de uma auditoria geral às contas da Câmara, mas de uma auditoria direccionada para três sectores específicos da área financeira”.
Utilização de empréstimos para fins diferentes dos contratados, compromissos financeiros assumidos verbalmente, sem documentação de suporte e sem prévia aprovação oficial e despesas facturadas não cabimentadas são os sectores apontados pelo autarca e que vão ser avaliados.
No caso dos compromissos financeiros assumidos sem aprovação, Jorge Pulido Valente apontou casos de “despesas de trabalhos a mais em obras que não estão devidamente fundamentadas e foram assumidas apenas verbalmente”.
Quanto à utilização de empréstimos para fins diferentes, o autarca apontou o caso do empréstimo para fins específicos de 650 mil euros contraído para financiar a construção de relvados sintéticos nas freguesias rurais de Salvada e Beringel e que o anterior executivo CDU “gastou quase todo noutras intervenções”.
“O dinheiro foi utilizado e os relvados não chegaram a ser adjudicados”, disse o autarca, referindo que a Câmara já suspendeu a adjudicação das empreitadas porque “não dispõe de dinheiro para avançar com as obras” e “para evitar ter que pagar futuras indemnizações aos empreiteiros caso as obras fossem adjudicadas e depois não avançassem”.
O executivo vai “esperar pelos resultados da auditoria, resolver a situação actual e fazer uma nova avaliação das empreitadas com as partes interessadas para decidir quando as construções dos relvados sintéticos avançam”, previu o autarca.
Confrontado pela Lusa com a decisão do executivo PS, o vereador da oposição CDU que integrou o anterior executivo, Miguel Ramalho, disse que Jorge Pulido Valente “precisa de uma auditoria para justificar o incumprimento de promessas eleitorais que fez à população e sabe que não vai poder cumprir”.
O vereador considerou “estranha” a decisão do novo executivo em avançar com uma auditoria externa, que, “há pouco mais de um mês, tinha dito que era desnecessária”.
“Só agora, depois de a oposição CDU ter denunciado algumas actuações do novo executivo, nomeadamente perseguições a trabalhadores por motivos políticos e a atribuição de cartões de crédito com um plafond mensal de 900 euros aos quatro eleitos pelo PS, é que Jorge Pulido Valente anuncia uma auditoria externa, que nem foi à última reunião de Câmara”, lamentou.
LL.
Lusa/Tudoben