Mau Tempo: “Se calhar o Pai Natal até existe”, diz jovem resgatado em Castro Verde

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Foto: Arquivo
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Castro Verde, Beja – Um dos jovens que passaram a madrugada de ontem numa oliveira, no Alentejo, depois do carro em que seguiam ter sido arrastado pelas águas de uma ribeira, reconheceu que tiveram sorte, ironizando que “se calhar, o Pai Natal até existe”.

“No meio do azar, tivemos muita sorte. Se calhar o Pai Natal até existe”, disse à Lusa João Urgeiro, 27 anos, entre sorrisos de “alívio” por ter sobrevivido com três amigos à “história mais emocionante” da sua vida.

“O mais importante foi termos sobrevivido”, frisou João, o condutor do carro que arrastado por uma “onda de cheia”, provocada pela subida do caudal da ribeira de Geraldos, no concelho de Castro (Beja).

Cerca das 03:30, João e os amigos Jorge Caeiro e Hugo Custódio, ambos de 26 anos, e Pedro Simões, de 28 anos, iam a caminho de Castro Verde, quando, depois de fazerem a curva “bastante acentuada” antes da ponte sobre a ribeira, foram “surpreendidos por uma enxurrada”.

“Depois da curva, antes de chegarmos à ponte, quando demos conta, já o carro estava no caudal da ribeira, que tinha galgado as margens e submergido a ponte”, contou João.

“Foi uma surpresa bastante desagradável. Ainda tentei travar o carro e fazer marcha atrás mas não consegui. Perdi logo o controlo do carro que foi rapidamente arrastado pela corrente para o meio do caudal da ribeira”, disse.

Com o carro a boiar e arrastado pelas águas, “o primeiro instinto” dos jovens “foi sair o mais rápido possível” da viatura, disse João, frisando que “tiveram sorte” porque “havia silvas, um aglomerado de detritos e uma oliveira na zona”.

Após sair do carro, o Hugo Custódio “foi arrastado pela corrente, mas felizmente conseguiu nadar até à margem”, salientou.

“Depois sai eu do carro. A corrente era muito forte, mas consegui agarrar-me à oliveira”, explicou João, enquanto Jorge Caeiro e Pedro Simões “ainda estavam em cima do tejadilho do carro”.

“O carro começou a afundar-se e disse-lhes para pularem para a árvore. O Jorge conseguiu agarrar-se logo à oliveira, mas o Pedro, ao tentar subir, escorregou e caiu outra vez dentro de água”, precisou.

“Foi um dos momentos mais complicados. Tive de me agarrar às silvas que estavam junto da oliveira e com uma mão puxei-o para a árvore”, explicou João, referindo que “foi o Hugo, que tinha o telemóvel intacto, quem conseguiu fazer uma chamada para outro amigo, que chamou os bombeiros”.

João, Jorge e Pedro Simões ficaram “várias horas agarrados à oliveira, à chuva e ao vento” e “com medo” que a árvore “cedesse” porque “abanava por todos os lados”.

“Estava muito frio. Tremíamos todos”, contou João David, confessando que, enquanto esteve em cima da oliveira, “só temia que acontecesse alguma coisa” aos amigos.

“Não tive culpa da situação, mas, como era o condutor, só me passava pela cabeça que se acontecesse alguma coisa a algum deles ficaria para sempre marcado”, confessou.

“Dizíamos uns aos outros para termos calma”, contou, referindo que “por volta das 07:00” chegaram os bombeiros e a GNR e, mais tarde, sentiram “um grande alívio” quando ouviram o helicóptero da Protecção Civil, que os resgatou.

“Foi preciso muito sangue frio e muita calma”, salientou João, rematando: “Felizmente acabou tudo bem”.

LL.

Lusa/Tudoben

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