2009/Autárquicas: O início do fim do poder local do PSD e CDU?
As eleições autárquicas realizadas em Outubro foram marcadas pela perda de importantes bastiões sociais-democratas e comunistas, dois partidos que faziam do seu poder local uma imagem de marca que está cada vez mais “rosa”.
Apesar de terem menos Câmaras que o PSD, os socialistas foram os vencedores da noite eleitoral, ganhando mais 22 autarquias, entre as quais os bastiões sociais-democratas de Leiria e Tavira ou a praça-forte da CDU em Beja.
O PSD manteve-se o partido com mais presidências de câmara após as eleições autárquicas, apesar de ter perdido 20 maiorias e de ter sido ultrapassado pelo PS em número de mandatos e de votos.
O PSD manteve a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) nas mãos do presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas, mas assistiu a uma inversão de resultados eleitorais num terreno onde já foi uma força claramente hegemónica.
Desde 1997, ocasião em que ganhou várias Câmaras emblemáticas como Coimbra e a Figueira da Foz, o PSD teve sempre um ascendente nas autárquicas, resultados que levaram mesmo o ex-primeiro-ministro António Guterres a pedir a demissão em 2001, depois de perder Lisboa e o Porto e a ANMP.
As eleições de 2009 confirmaram assim a tendência dos resultados de 2005, afastando o PSD de grandes vitórias nos concelhos mais populosos, embora com algumas excepções de relevo, graças ao carisma dos seus autarcas, como Macário Correia (Faro), Fernando Seara (Sintra), Moita Flores (Santarém) ou Rui Rio (Porto).
Nas próximas eleições, com a proibição de recandidatura de dois terços dos actuais presidentes, é o PSD quem enfrenta mais dificuldades já que a maioria dos seus actuais autarcas não poderá concorrer a um novo mandato.
Na noite eleitoral de Outubro, o secretário-geral do PS, José Sócrates, reivindicou para o seu partido “um resultado muito bom” e “acima das expectativas eleitorais” no início da campanha, sendo a perda em Faro a única nota negativa.
Já a CDU foi a outra grande derrotada da noite, voltando ao pior resultado de sempre (28 câmaras) e perdendo autarquias importantes como Beja, Sines e Marinha Grande.
A CDU obtivera também 28 municípios em 2001, quando alcançou o pior resultado de sempre nas autárquicas, mas nas eleições seguintes, em 2005, conquistou mais quatro maiorias camarárias.
Nas eleições autárquicas de domingo, regressa ao número 28, ao perder sete câmaras (Aljustrel, Beja, Viana do Castelo, Vila Viçosa, Marinha Grande, Monforte e Sines) e conquistar apenas três novos municípios (Alvito, Alpiarça e Crato), um resultado que o líder do PCP, Jerónimo de Sousa recusou interpretar como uma derrota.
O secretário-geral comunista sublinhou o reforço das maiorias na Península de Setúbal (Almada, Setúbal, Palmela, Alcochete, Moita, Seixal, Barreiro, Sesimbra e Santiago do Cacém), destacando que a CDU é a força maioritária na Área Metropolitana de Lisboa, facto que disse ser “único na Europa”.
PJA.
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