Beja: Câmara vai pedir auditoria geral para “esclarecer dúvidas” do executivo PS
Beja – A câmara de Beja, por proposta da oposição CDU, decidiu hoje pedir à Inspecção-Geral de Finanças (IGF) e à Direcção-Geral das Autarquias Locais (DGAL) uma auditoria geral, para “esclarecer dúvidas” do actual executivo socialista.
A decisão de pedir a auditoria geral, aprovada por unanimidade em reunião de câmara, surge três semanas após o novo executivo PS ter pedido uma outra auditoria externa específica para avaliar alegadas irregularidades financeiras cometidas pela anterior gestão comunista.
Os eleitos da CDU propuseram a intervenção da IGF e da DGAL para “esclarecer as dúvidas levantadas pelo actual executivo PS sobre a situação financeira da câmara e procedimentos da anterior gestão” comunista, explicou hoje à Lusa o vereador da oposição CDU que integrou o anterior executivo, Miguel Ramalho.
A auditoria externa, pedida pelo executivo PS, “não irá permitir saber mais do que os próprios serviços e eleitos já sabem e será mais um encargo financeiro sem quaisquer consequências ou benefícios”, criticou Miguel Ramalho, frisando que a CDU está de “consciência tranquila relativamente à gestão da câmara de Beja durante o mandato anterior”.
No entanto, justificou, a oposição CDU propôs hoje a intervenção da IGF e da DGAL para que os procedimentos da anterior gestão “deixem de ser invocados” pelo actual executivo “para o cancelamento de apoios e iniciativas e o incumprimento de compromissos e promessas eleitorais socialistas feitas durante a campanha” para as eleições autárquicas.
Em declarações à Lusa, o presidente da câmara de Beja, Jorge Pulido Valente, que acabou com o domínio comunista de 33 anos na autarquia, disse que a posição dos vereadores da CDU “não faz qualquer sentido”, argumentando que “o executivo PS não tem interesse em não cumprir os seus objectivos e as promessas eleitorais feitas”.
O executivo “vai dar seguimento ao pedido da auditoria” hoje aprovado, disse, referindo, no entanto, que tem “dúvidas sobre se a IGF e a DGAL vão intervir”, porque “não costumam fazer auditorias a pedido, mas seguindo intervenções calendarizadas”.
“Não nos opomos a uma auditoria geral, apesar de nunca ter sido essa a nossa intenção”, disse o autarca, frisando que a eventual auditoria da IGF e da DGAL “não vai inviabilizar a auditora externa pedida pelo executivo, que já foi adjudicada a um revisor oficial de contas e vai continuar”.
Segundo Jorge Pulido Valente, o executivo pediu a auditoria externa após ter feito uma avaliação interna à situação financeira da câmara e detectado “situações que considera irregulares e outras que podem eventualmente ser ilegais”.
“Não se trata de uma auditoria geral às contas da Câmara, mas de uma auditoria direccionada para três sectores específicos da área financeira”, esclareceu, concretizando: utilização de empréstimos para fins diferentes dos contratados, compromissos financeiros assumidos verbalmente, sem documentação de suporte e sem prévia aprovação oficial, e despesas facturadas não cabimentadas.
LL.
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