Alqueva: Albufeira está hoje a descarregar maior caudal, cerca de mil metros cúbicos por segundo
Évora Após ter atingido o Nível de Pleno Armazenamento (NPA), a Barragem de Alqueva está a descarregar maior caudal de água, debitando “cerca de mil metros cúbicos por segundo”, revelou à Lusa fonte da empresa gestora.
“Por cada descarregador de meio fundo, estão a passar 300 metros cúbicos por segundo, mais cem metros cúbicos do que na terça-feira”, disse à agência Lusa Carlos Silva, porta-voz da Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva (EDIA).
A juntar a este débito de água, segundo a mesma fonte, também a central hidroeléctrica instalada em Alqueva “está a turbinar mais cerca de 400 metros cúbicos por segundo”.
As descargas controladas, através da abertura dos descarregadores de meio fundo, começaram terça-feira à tarde, após a albufeira atingir a sua capacidade máxima, sendo que o caudal a libertar é “avaliado a cada momento”, consoante as afluências.
O NPA, que significa que a água da albufeira alcançou a cota máxima de 152 metros, foi conseguido pela primeira vez desde que, em Fevereiro de 2002, as comportas foram fechadas para dar início ao processo de enchimento.
À cota 152, o Alqueva é o maior lago artificial da Europa, com uma área inundável de 250 quilómetros quadrados e cerca de 1.100 quilómetros de margens, armazenando um volume de água de 4.150 hectómetros cúbicos.
Segundo Carlos Silva, “muita gente” se deslocou esta manhã à zona do coroamento (paredão) da barragem para assistir às descargas controladas de água, que têm com objectivo libertar algum caudal para que a albufeira não chegue ao nível de máxima cheia (cota 153).
“Estava muita gente no estacionamento do coroamento da barragem para ver o espectáculo da água a ser libertada, mas, como começou a chover, as pessoas foram-se embora”, disse.
Durante a manhã, também cerca de uma centena de alunos de uma escola observou as descargas, acompanhados por elementos da EDIA, que lhes foram explicando a operação e o projecto de Alqueva.
Residente em Lisboa, mas com casa no concelho alentejano de Vidigueira, também José Pinto e alguns amigos fizeram questão de passar hoje pela barragem.
“Venho cá muitas vezes e, agora, vim com estes dois amigos. Como toda a gente dizia que o Alqueva estava cheio, viemos cá ver”, explicou, confessando-se impressionado com o Grande Lago e com as descargas.
A chuva que tem caído nas últimas semanas na região banhada pela albufeira, situada no rio Guadiana, levou o nível de água armazenada a atingir a cota máxima de 152 metros.
Segundo o que foi medido pela EDIA, o NPA foi alcançado “entre as 14:00 e as 15:00” de terça-feira, enquanto que o Instituto Nacional da Água (INAG) registou essa mesma cota, nas suas medições, às 16:00.
Também na página de Internet do INAG, consultada pela Lusa, a albufeira encontrava-se, às 11:00 de hoje, à cota de 152.11.
A EDIA justificou terça-feira a abertura das comportas devido às “afluências de água que continuam a registar-se em Alqueva” e às “previsões meteorológicas”, com chuva, “para os próximos dias”.
Também a barragem de Pedrógão, situada a 23 quilómetros a jusante de Alqueva, está a descarregar para o rio Guadiana, “prevendo-se que o caudal do rio se mantenha alto nos próximos dias”.
“Todas estas acções, já previstas, estão a ser articuladas com os Serviços de Protecção Civil, que acompanham e monitorizam as operações”, garantiu a EDIA.
RRL/LL.
Lusa/Tudoben