Reforma Agrária/35 anos: Antigo “celeiro”da nação, Alentejo muda agricultura e ganha novos produtos de sucesso

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agricultor_grPortalegre- Outrora “celeiro” de Portugal, dada a importância da cultura cerealífera de sequeiro, o Alentejo modificou a aposta agrícola nas últimas décadas, sustentada na excelência dos seus vinhos, azeites, cortiça e pecuária, e prepara-se também para ”vingar” no regadio.

Mas, 35 anos depois do arranque em força da Reforma Agrária, esta evolução na região, que ocupa um terço do território do continente e em que a agricultura continua a ter um peso preponderante, “não se explica” pelas ocupações de terras que se estenderam ao longo de 1975 e 1976.

“A Reforma Agrária não teve grandes consequências ao nível das atividades [agrícolas] que se praticavam, ou seja, do uso do solo”, argumentou hoje à Agência Lusa Fragoso de Almeida, docente na Escola Superior Agrária de Castelo Branco.

Aliás, sublinhou o mesmo professor, entre a Revolução do 25 de Abril de 1974 e o fim dessa década “não houve nenhuma orientação política para o setor”, em relação ao uso do solo.

Na prática, sustentou, mantiveram-se “as orientações de mercado do antigo regime, nomeadamente no setor dos cereais”.

No fim da década 70, os excessos de produção no mercado internacional, particularmente nos setores do leite e dos cereais, a falta de jovens na agricultura e a necessidade de desenvolver atividades mais adaptadas à natureza dos solos começaram a traçar outro rumo nos campos do Alentejo.

O início da década de 80 é marcado pelas discussões em torno da adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), hoje União Europeia, e sobre as oportunidades que iriam surgir para a agricultura.

“É uma época de muito ânimo entre os agricultores, pelas esperanças que se criaram em torno de atividades que, até então, eram apenas ‘marginais’ aos cereais, como a produção animal (particularmente os ovinos)”, recordou.

Com a adesão à CEE, surgem os apoios aos jovens agricultores e inicia-se uma verdadeira “revolução agrícola”.

Também impulsionados pelas diretivas e políticas comunitárias, na década de 90, iniciou-se o reconhecimento da “qualidade dos produtos” através das certificações de origem protegida, dando-se um impulso aos agrupamentos de produtores, como forma de comercialização direta dos produtos.

Por isso, realçou Fragoso de Almeida, que também já presidiu à Associação dos Agricultores do Distrito de Portalegre, durante as décadas de 80 e 90, a agricultura portuguesa viveu um período de “ouro”.

Perante as mudanças, o Alentejo conquistou outros mercados, como o do vinho, azeite, cortiça e pecuária, e ganhou, a partir de 2002, a Barragem de Alqueva, que permite aos agricultores da região uma aposta no regadio.

Uma das “histórias de sucesso” desta diversificação agrícola da região é a da produção de vinho, um dos setores que mais se tem afirmado nos últimos anos.

Francisco Mata, secretário executivo da Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo (ATEVA), assinalou à Lusa que a área de vinha na região passou dos “12 ou 13 mil hectares” de há “15 anos”, para os atuais cerca de “23 mil”.

Em 2008, a produção de vinho no Alentejo rondou os 79 milhões de litros, o que representa quase metade das vendas em Portugal no mesmo ano.

O Alentejo abrange oito sub-regiões vitivinícolas: Portalegre, Borba, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Vidigueira, Moura, Évora e Granja/Amareleja.

HYT/TCA

+++ Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico +++

Lusa/Tudoben

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