Psicologia: Trabalhar apaixonadamente é fundamental para atingir a excelência

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empresasAos 28 anos, a psicóloga Liliana Araújo quer descobrir o que têm em comum as pessoas excelentes. Três anos após iniciar uma investigação pioneira em Portugal, já tem uma conclusão: trabalhar com paixão é um requisito fundamental.

Durante a sua licenciatura, Liliana interessou-se pela sobredotação e esteve ligada à ANEIS, uma associação de estudo e intervenção nesta área. Na pós-graduação em Évora, manteve o interesse no “talento” e no doutoramento que está a fazer em Braga, iniciou uma investigação pioneira em Portugal sobre a excelência na idade adulta, que quase sempre aparece ligada às crianças.

Num estudo de caso, com seis cientistas das áreas exatas (biólogos e físicos) e quatro bailarinos, tenta perceber como são estas pessoas, “como funcionam e como foram os percursos até serem reconhecidas nas suas áreas”.

“Quando estamos a falar de pessoas excecionais, não podemos ter uma amostra muito grande porque à partida não é muito vulgar ter muitos no topo”, lembra a investigadora, que iniciou o estudo há cerca de três anos e está agora a refletir sobre os dados e a fazer as últimas análises.

À semelhança de estudos internacionais, constata nos seus resultados que a excelência está associada a aspetos “mais pessoais e outros mais de contexto”.

“Não se consegue ter uma definição exata do que é ser excelente, mas parece que há uma convergência dinâmica entre estes dois fatores (pessoais e contextuais)”, afirma à Lusa.

Da sua investigação em concreto, Liliana Araújo encontrou nestas pessoas “fortes características psicológicas”. Ou seja, são “muito determinadas, muito confiantes, criativas, não têm medo de arriscar, veem os problemas como oportunidades para fazer diferente e melhor”.

Também são “perfecionistas, persistentes e autorreguladas”.

“Está também muito associada a ideia de que as pessoas estão completamente apaixonadas por aquilo que fazem. E sentem que a diferença que fazem é por aí: porque se envolvem muito, trabalham muito, mas fazem-no muito por prazer e paixão”.

Trabalhar em equipa e saber gerir as tensões são outros traços comuns encontrados pela investigadora, que tem participado em diversos congressos e recentemente se deslocou a uma conferência na Nova Zelândia.

“Foi fundamental para conhecer o estado da arte do estudo da excelência”, explica.

Aos 28 anos, sabe o que gostava de fazer no futuro: apoio às transições nas carreiras.

“Muitas vezes há a tendência de olhar só para as pessoas como profissionais excelentes e depois esquecemo-nos de que têm outras dimensões nas suas vidas, como as pessoais” e quando há alterações na sua vida podem surgir dificuldades.

Deixa assim em aberto a possibilidade de se especializar no treino de competências de vida e ajudar jovens “excelentes” a equilibrarem as várias dimensões das suas vidas.

A especialização deverá acontecer fora do país, mas depois a investigadora gostaria de voltar para “contribuir para o desenvolvimento da investigação nesta área e promover a formação de profissionais de excelência”.

PL

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Lusa/Tudoben

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