Elvas: Portugal pode ter “acentuada quebra” na produção de cereais nesta campanha

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Portugal corre o “sério risco” de uma “acentuada quebra” na produção cerealífera na actual campanha, devido aos receios de agricultores em apostarem nas sementeiras perante o “elevado preço” das matérias-primas, alertou hoje um responsável do sector.

“Num ano normal, a plantação de cereais começava agora e prolongava-se até Dezembro. Mas, neste momento, no Alentejo e no Ribatejo, ainda ninguém está a semear e corre-se o risco dos 200 mil hectares da última campanha não virem a ser semeados”, disse Bernardo Albino, presidente da ANPOC.

    O responsável pela Associação Nacional dos Produtores de Cereais, Oleaginosas e Proteaginosas (ANPOC) falava à agência Lusa à margem de umas jornadas de trabalho que decorreram, ao longo de todo o dia, em Elvas (Portalegre).

    “A viabilidade dos cereais em Portugal nos dias de hoje” foi o tema em debate, tendo Bernardo Albino deixado o alerta para a possível “regressão” da produção de cereais em Portugal.

    Esta eventual quebra de produção, salientou, deve-se ao “sucessivo aumento do preço” das matérias-primas utilizadas, nomeadamente dos adubos.

    “O preço dos adubos subiu mais de 200 por cento no último ano e meio”, criticou, avisando para o abandono, no Alentejo e Ribatejo, regiões responsáveis por “cerca de 70 por cento da produção cerealífera nacional”, dos 200 mil hectares semeados na última campanha.

    Segundo o presidente da ANPOC, os preços das matérias-primas estão “especialmente voláteis”, pelo que o produto final dos agricultores “vale muito menos do que aquilo que custa produzi-lo”.

    Portugal, sublinhou, corre assim um “sério risco de uma acentuada quebra na produção de cereais na actual campanha”, pois, os produtores “não estão a semear porque não têm condições para o fazer”.

    O presidente da ANPOC lamentou ainda que Portugal “não tenha uma estratégia para este sector”.

    Uma situação que, disse, poderá gerar ”desemprego, a curto prazo, porque muitos produtores, sem a componente dos cereais, terão que abandonar a actividade, e a morte da comunidade rural”.

   

    HYT/RRL.

    Lusa/Tudoben

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