Sida: Políticos e figuras públicas participam em campanha contra discriminação
Cerca de 40 figuras públicas responderam ao repto lançado por associações de luta contra a sida para participar na campanha “Se eu fosse seropositivo”, que lança na segunda feira uma linha de apoio a seropositivos vítimas de discriminação.
A Associação SER+ (Associação Portuguesa para a Prevenção e Desafio à Sida) e o GAT (Grupo Português de Ativistas sobre Tratamentos de VIH/Sida) são os promotores da nova campanha, que pretende alertar para a discriminação contra uma doença que já infetou cerca de 35 mil pessoas em Portugal.
Como reagiria se uma figura pública que reconhece e admira pelo seu trabalho, pelo seu talento ou pelo seu carisma, fosse seropositiva? É o desafio proposto pelas associações.
Para isso, convidaram figuras públicas de várias áreas, como política, teatro, desporto, entretenimento, moda, a música, que reponderam na primeira pessoa à pergunta “Se eu fosse seropositivo”.
Ao todo, “participam no projeto 39 pessoas, todas figuras públicas”, disse à agência Lusa Andreia Ferreira, coordenadora da Associação SER+, adiantando que foram ainda convidados autarcas de todo o país (18), mas apenas os de Cascais, Leiria, Santarém, Guarda e Évora aceitaram participar.
O convite foi estendido aos líderes partidários, tendo respondido positivamente Jerónimo de Sousa (PCP), Paulo Portas (CDS/PP) e Francisco Louçã (BE).
Foi ainda lançado o repto ao primeiro ministro e a alguns ministros, como da Saúde, Finanças e Economia. “Uns recusaram e outros não responderam”, comentou Andreia Ferreira, acrescentando que o maior desafio foi convencer os políticos a participar.
A campanha consiste no lançamento de um Centro Anti-Discriminação, que terá uma linha telefónica (707 240 240), através da qual uma equipa de juristas prestará apoio a todas as pessoas que se sintam vítimas de discriminação por serem seropositivas.
Este projeto surge na sequência de casos de discriminação relatados na comunicação social. “Achámos que era necessário um debate urgente para levantar uma série de questões. A conclusão a que chegámos foi de que as pessoas não estão esclarecidas sobre as formas de transmissão da sida”, justificou Andreia Ferreira.
Este desconhecimento “cria muitas dúvidas e leva a estas situações de injustiça”, acrescentou.
A partir de segunda feira, os portugueses poderão ver na televisão, em cartazes, nas caixas Multibanco e ouvir nas rádios várias frases de figuras públicas, como a do humorista Herman José, que questiona: “Se eu fosse seropositivo, faria humor comigo?”.
Francisco Louçã interroga “Se eu fosse seropositivo, será que me ouvia?”, enquanto Jerónimo de Sousa questiona “Se eu fosse seropositivo, votaria em mim?” e Paulo Portas diz “Se eu fosse seropositivo, mudaria a sua opinião sobre mim como político?”.
Já o futebolista Nuno Gomes pergunta “Se eu fosse seropositivo, jogaria num grande clube?” e Laborinho Lúcio interroga: “Se eu fosse seropositivo, teriam confiado em mim como juiz?”.
A campanha, que conta com o apoio da Gulbenkian, entre outras entidades, vai ser lançada em todo o país e estará presente em várias rádios e também em 1220 redes de caixas Multibanco até ao final do mês de fevereiro.
HN.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben