Comboios: Secretário de Estado dos Transportes diz que ferrovia de mercadorias de Sines vai passar por Ermidas
O secretário de Estado dos Transportes, Carlos Correia da Fonseca, afirmou hoje que o ramal Ermidas-Sado, em Santiago do Cacém, será integrado na ligação ferroviária de mercadorias Sines-Elvas, que o Governo espera concluir até 2013.
O governante recebeu hoje a comissão constituída pelos municípios de Santiago, Grândola e Beja, pela Associação Protectora do Montado – REVER e pela Quercus, que desde o ano passado se tem oposto à construção do troço Sines-Santiago do Cacém (Relvas Verdes)-Grândola Norte, inicialmente proposto pela REFER e entretanto anulado, devido ao impacto ambiental, urbanístico e económico.
Após o encontro, Correia da Fonseca disse aos jornalistas que há agora uma “perfeita confluência de pontos de vista” entre o grupo e o Governo, até porque a linha de mercadorias de Sines é uma das prioridades do plano de investimentos da REFER.
“O eventual ganho de uma hora ou menos, utilizando um novo troço que iria ter impactos muito negativos na região de Grândola, não é importante em termos de transporte de mercadorias. O importante é a fiabilidade, a segurança, saber que a mercadoria chega a um destino”, disse o secretário de Estado, adiantando que a futura solução, ainda a ser estudada, vai passar por Ermidas e poderá incluir melhorias neste ponto.
“A linha vai de Sines por Ermidas até ao Poceirão [concelho de Palmela], que tem aqui um papel estratégico, pois é nesta plataforma logística que se irá consolidar as cargas de Setúbal, Lisboa e Sines. Daí teremos ligação a Évora pela linha existente, que está a ser objeto de intervenção, e depois até Caia [concelho de Elvas] teremos uma linha nova, paralela à alta velocidade, que assegura a ligação a Espanha”, explicou.
O governante acrescentou que o executivo tem já acordado com o Governo espanhol a eletrificação da linha à tensão de 25 000 volts do outro lado da fronteira, para garantir uma interação eficaz.
Questionado sobre os prazos de entrada em funcionamento destas ligações, Correia da Fonseca referiu que “forçosamente antes de 2015 tem tudo de estar a andar em pleno”, mas sublinhou que “a meta é 2013”.
Os representantes que integram a comissão opositora ao plano inicial saíram do encontro “muito satisfeitos” com o aproveitamento de Ermidas, depois de várias reuniões com as populações e de sucessivas tentativas de sensibilização do executivo e da REFER.
Segundo o presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Vítor Proença (CDU), apesar de o novo percurso não estar definido em rigor, a integração de Ermidas é “muita mais vantajosa”: ao contrário da ligação Sines-Grândola Norte, envolve terrenos de xisto e não arenosos e evita o abate de mais de 7 000 sobreiros e a passagem junto às reservas das lagoas de Santo André e da Sancha, de quintas históricas e do Badoca Safari Park, entre outros.
ROC.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico. ***
Lusa/Tudoben