Mertola/Ambiente: Pólo dedicado aos peixes do rio Guadiana vai ser criado em Mértola

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pescaria_caia02Mértola, Beja, 09 fev (Lusa) – Espécies piscícolas originárias do Guadiana, algumas em risco de extinção, nomeadamente o saramugo, ou que não são detetadas há dezenas de anos no rio, como o esturjão, vão ser expostas e estudadas num pólo a criar em Mértola.

O projeto do Pólo Ictiológico (dedicado ao estudo dos peixes) do Guadiana é promovido pelo Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) e tem como parceiros o Município de Mértola e a empresa gestora do Alqueva (EDIA).

O presidente da Câmara de Mértola, Jorge Rosa, explicou hoje à agência Lusa que a candidatura do projeto ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) já foi aprovada pelo INAlentejo.

O investimento global na infraestrutura ronda os “400 mil euros”, dos quais “75 por cento” são assegurados por fundos comunitários, com a restante verba necessária a ser repartida “entre os três parceiros do projeto”, acrescentou o autarca.

O município vai ainda disponibilizar um terreno na vila, “num local sobranceiro ao Guadiana”, para a construção deste equipamento que, realçou Jorge Rosa, “já fazia falta em Mértola”.

“Demonstrámos logo interesse em ser parceiros nesta infraestrutura porque o Guadiana está localizado mesmo junto da vila e não tínhamos nada para mostrar aos visitantes sobre esta nossa ligação histórica ao rio”, argumentou.

O Guadiana “sempre teve uma importância muito grande” para Mértola, tanto “pela sua riqueza piscícola e de biodiversidade”, como “enquanto canal de deslocação de pessoas e bens ao longo de vários séculos”, função que foi perdendo, mas que “se está a tentar reavivar”, disse.

As obras do projeto, segundo Jorge Rosa, devem avançar “ainda no final deste primeiro semestre do ano”, prevendo-se que estejam concluídas “entre agosto e setembro do próximo ano”.

O autarca explicou que o Pólo Ictiológico do Guadiana será “uma espécie de Fluviário de Mora, mas numa escala mais reduzida”, e o edifício a construir, numa área de 300 metros quadrados, comporta três tipos de valências complementares.

“Queremos mostrar, a todos os interessados, as espécies piscícolas autóctones e originárias do Guadiana”, referiu o presidente da Câmara, acrescentando que outro dos objetivos é permitir “uma série de pesquisas científicas acerca da vivência e dos habitats destas mesmas espécies”.

“Desta forma, poderemos por exemplo prevenir eventuais doenças ou surtos que afetem as populações destes peixes”, sublinhou.

A terceira componente, disse, é a “criação de espécies em cativeiro”, para que “os exemplares possam depois ser devolvidos ao rio”, numa tentativa de o “repovoar com peixes em risco de extinção, como o pequeno saramugo, ou outras espécies que há largas dezenas de anos ninguém avista no Guadiana, de que é exemplo o esturjão”.

“E, como Mértola é dos principais destinos turísticos da região, queremos que estas valências sejam todas visitáveis para que o pólo atraia turistas”, disse o autarca.

A Lusa contactou o ICNB para obter dados acerca deste projeto, mas não foram disponibilizadas quaisquer informações em tempo útil.

RRL.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

Lusa/Tudoben

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