Castro Verde/Adesão à greve na mina de Neves-Corvo continua acima dos 90 por cento
Castro Verde, Beja, 17 fev (Lusa) – A greve dos trabalhadores da mina de Neves-Corvo (Castro Verde), que começou terça feira, continua hoje com uma adesão acima dos 90 por cento e está a “afetar” a produção de minério, disse à Lusa fonte sindical.
“O segundo dia de greve começou exatamente igual ao primeiro, com os mesmos trabalhadores a aderirem. Portanto, a adesão continua a ser superior a 90 por cento em todos os turnos”, precisou Jacinto Anacleto, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM).
“Duas horas a menos de trabalho no fundo da mina no início de cada turno”, num total de oito horas diárias, “estão a afetar e muito a produção” da Somincor, a concessionária da mina, frisou o sindicalista.
“Temos conhecimento que vai faltando matéria-prima à superfície para ser tratada nas lavarias”, disse, referindo que “as lavarias estão a funcionar mas com pouco minério”.
O STIM e os trabalhadores “ainda não obtiveram feedback da administração” da Somincor, “portanto, não há outra hipótese senão dar continuidade à luta e manter a greve”, adiantou Jacinto Anacleto.
Os trabalhadores da mina de Neves-Corvo começaram terça-feira uma greve de duas horas no início de cada turno, às 06.00, 08:00, 14:00 e 22:00, e por tempo indeterminado, para reivindicarem um aumento no subsídio de fundo.
A “principal reivindicação”, explicou, é “o aumento de cem euros no subsídio de fundo”, que é atribuído aos trabalhadores que trabalham no fundo da mina.
As outras reivindicações que abrangem todos os trabalhadores, explicou, são “o pagamento dos 50 por cento em falta da compensação do dia de Santa Bárbara” de 2009 e “a garantia do pagamento da compensação na totalidade este ano e nos próximos anos”.
A Lusa contactou hoje a porta-voz da Somincor, Lígia Várzea, que remeteu esclarecimentos para o comunicado emitido terça-feira pela Lundin Mining, proprietária da empresa.
No documento, a Lundin Mining informa que os trabalhadores “exigem aumentos salariais na ordem dos 17 por cento sobre o salário base” e que a administração “rejeitou a reivindicação e fará todos os esforços para reduzir o efeito da greve”.
O vice-presidente da Lundin Mining, João Carrelo, diz que os responsáveis da empresa estão “dececionados com a posição de uma parte dos colaboradores, porque no mês passado tiveram aumentos acima da inflação e bem acima da média nacional”.
“Os trabalhadores da Somincor auferem já mais do que o dobro do salário médio nacional, acrescido de um vasto pacote de benefícios. Além disto, nos últimos anos, atendendo às elevadas cotações dos metais, têm sido concedidos prémios extraordinários”, disse.
A Lundin Mining refere ainda que a Somincor “vai continuar a produção de concentrados, utilizando a extração e os stocks existentes à superfície” e que “a quantidade da produção que pode ser perdida está a ser avaliada e dependerá de uma série de fatores, incluindo a duração da greve”.
A Somincor tem cerca de 900 trabalhadores e produz mais de dois milhões de toneladas de cobre em bruto, por ano.
LL.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben