Mora: Empresa alentejana de material médico exporta para a Europa quase toda a produção
Mora, Évora, 21 fev (Lusa) – A crise não “bateu à porta” de uma pequena empresa familiar de Mora (Évora), com 11 trabalhadores, que exporta para a Europa quase cinco milhões de unidades de material médico e, agora, quer duplicar a produção.
“Não temos esse problema [da crise]. Temos reagido bem e este ano está a ser bastante positivo. O objetivo é crescer”, afirma à Agência Lusa Liliana Júlio, sócia da Medirm, criada em 2005, com o irmão e o pai.
Instalada no Parque Industrial de Mora no ano seguinte, esta Pequena e Média Empresa (PME) alentejana, que iniciou a produção efetiva em 2008, fabrica e embala dispositivos médicos, como kits de penso, diálise, material de gaze (compressas) e bastões de espuma.
Com um total de 11 trabalhadores, a Medirm – Fabrico e Comércio de Dispositivos Médicos, Lda, produziu “cinco milhões de unidades” desses materiais em 2009, exportando para a Europa a quase totalidade, “98 por cento”.
“Os nossos mercados são a Suíça, Alemanha e França”, adianta Liliana Júlio, apontando como principais clientes os “grandes distribuidores” e ” multinacionais”, que colocam os seus produtos nos hospitais e clínicas desses países europeus.
Em cada país, refere, os grandes distribuidores europeus “trabalham com pequenos revendedores e escoam o material” da Medirm. Por outro lado, as empresas multinacionais “compram componentes” feitos em Mora para “utilizarem na fabricação dos próprios produtos”.
Na valência fabril da empresa, à qual só se acede com bata, touca e proteções do calçado apropriados, os funcionários, em torno de uma linha de produção, colocam ritmadamente, em cada compartimento das embalagens, os artigos que compõem os kits de penso, como pinças, bolas de gaze, compressas e campos impermeáveis.
Numa outra sala, as embalagens seladas são colocadas em caixas, para armazenamento, e outras funcionárias embalam os bastões de espuma, usados, conta Liliana Júlio, “para humedecer a boca de doentes pós-operatórios, acamados ou em fase terminal, que não podem beber água”.
Apesar da concorrência nacional e internacional, a administradora afiança que um dos fatores diferenciadores da sua empresa é o facto de adaptar a produção “à medida” do cliente, não apenas na composição dos kits, com mais ou menos artigos, mas também na própria marca.
“Temos a nossa marca, mas os clientes podem também utilizar o seu próprio nome, apesar da Medirm figurar sempre nas embalagens como fabricante. Isto é uma diferença porque há muitas empresas neste ramo, mas só utilizam a sua marca”, exemplifica.
A qualidade dos produtos da PME alentejana, em comparação com os oriundos de outros países, é outro dos “trunfos” que conquistaram a confiança de suíços, alemães e franceses, por exemplo no que toca aos bastões de espuma, de que a Medirm é “a única” produtora na Europa.
“Este tipo de artigo era muito produzido na China”, mas registaram-se “problemas de qualidade”, o que levou à preferência pelo produto “made in” Portugal: “Mesmo cá neste nosso cantinho, ainda somos conhecidos pela qualidade e somos europeus. Isso é uma mais-valia para a Medirm”.
RRL.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben