Arqueologia: Zona do Alqueva é “uma das mais bem conhecidas” do ponto de vista arqueológico
Beja – A zona de influência do Alqueva é “uma das mais bem conhecidas” do ponto de vista arqueológico em Portugal, graças a “uma das maiores intervenções arqueológicas” realizadas no país e no âmbito das obras associadas à barragem alentejana.
A zona, que abrange 20 concelhos dos distritos de Beja, Évora, Portalegre e Setúbal, “é uma das regiões do país mais bem conhecidas do ponto de vista arqueológico”, disse hoje à Agência Lusa o subdiretor do Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico (IGESPAR), João Ribeiro.
A intervenção de minimização dos impactes das obras da barragem e do plano de rega de Alqueva sobre vestígios arqueológicos, desenvolvida pela Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), é “exemplar, uma das maiores do país e vai ficar nos anais da arqueologia portuguesa”, frisou.
Segundo João Ribeiro, “com base nos vestígios arqueológicos, foram feitas descobertas particularmente importantes que mudaram a nossa compreensão sobre o passado do Alentejo, sobretudo na zona do rio Guadiana”.
A intervenção, que segundo a EDIA já implicou um investimento de quase seis milhões de euros, “permitiu melhorar o conhecimento da ocupação humana ao longo do tempo na região” e vai “marcar a arqueologia do país”, porque “pela primeira vez houve uma empresa que tomou a sério as medidas de minimização e delineou um projeto continuado de prospeções, identificação de locais de intervenção e de acompanhamento de trabalhos arqueológicos”.
As obras de Alqueva “destruíram e vão destruir património arqueológico, mas são estes processos destrutivos que permitem o conhecimento e a conservação pelo registo de muitas realidades arqueológicas”, disse.
“Senão fossem os trabalhos” da EDIA, que permitiram achar muitos vestígios, alguns “até agora desconhecidos” e que foram ou serão “conservados pelo registo, exumados e destruídos”, “seria muito difícil alcançar o conhecimento que hoje temos sobre o passado da região”, frisou.
O responsável espera que “os trabalhos não tenham sido realizados em vão” e que os dados recolhidos “não fiquem na gaveta” mas “resultem em conhecimento sobre o passado da região” e “possam ser publicados”.
João Ribeiro falava à Lusa a propósito do quarto Colóquio de Arqueologia do Alqueva, que vai decorrer entre quarta e sexta feira em Beja, no auditório da EDIA.
O colóquio, organizado pela EDIA, vai juntar 126 participantes para divulgar resultados dos trabalhos arqueológicos feitos em “centenas de ocorrências” no âmbito das obras do plano de rega de Alqueva, entre o fecho das comportas da barragem, em fevereiro de 2002, e a atualidade,
O encontro arranca quarta feira de manhã com um balanço dos anteriores colóquios de arqueologia do Alqueva, promovidos entre 1996 e 2002, seguindo-se quatro sessões temáticas com um total de 36 comunicações que vão preencher os três dias do colóquio.
O primeiro dia será reservado à pré-história, o segundo dia à proto-história e à época Romana e o último dia à época tardo romano/medieval.
LL.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben