Portalegre/Arte: Cruzeiro Seixas quer tapeçarias de Portalegre nos edifícios públicos
Portalegre, 26 fev (lusa) – O poeta e pintor surrealista Cruzeiro Seixas considera uma “injustiça” que as Tapeçarias de Portalegre não se encontrem expostas na maioria dos edifícios públicos, uma vez que se tratam de verdadeiras “obras de arte”.
“É uma injustiça, porque realmente deveriam existir em mais edifícios públicos. Deveriam de estar à vista e poucas vezes se veem”, disse o artista, em declarações à Agência Lusa.
O poeta e pintor surrealista falava a propósito de uma exposição de sua autoria, inaugurada quinta-feira e subordinada ao tema “Cruzeiro Seixas – Tapeçaria e Desenho” e que vai estar patente ao público no Museu de Tapeçarias de Portalegre até 23 de maio.
Considerado um dos fundadores de “Os Surrealistas” em Portugal, juntamente com Mário Cesariny e Fernando José Francisco, Cruzeiro Seixas não esconde a sua paixão pelas Tapeçarias de Portalegre e pelo trabalho desenvolvido pelas tecedeiras, em particular.
“Eu gosto muito das Tapeçarias de Portalegre. Considero que é um trabalho extraordinário feito em Portugal, uma das poucas coisas boas que há neste país e que merece toda a minha atenção. Considero-as uma obra de arte”, disse.
“A minha parte (pessoa que efetua o desenho para a tapeçaria) não é nada ao pé da minha admiração por quem executa. Os executantes das tapeçarias são extraordinários”, sublinhou.
Com as expetativas em alta para a exposição que apresentou em Portalegre, Cruzeiro Seixas, de 89 anos, recordou ainda que os mesmos trabalhos estiveram, recentemente, expostos na Universidade de Lisboa.
“Trata-se de desenhos com alguns anos, alguns deles já produzidos em tapeçarias de Portalegre. Na exposição que trago ao Alentejo vão estar expostos cerca de trinta peças”, declarou.
Questionado sobre a reação dos seus seguidores e da crítica da especialidade à exposição que recentemente esteve patente ao público na Universidade de Lisboa, o artista surrealista mostrou-se algo critico para com os jornalistas da especialidade.
“Nunca se sabe agora se as coisas têem sucesso ou não porque os críticos não falam, só falam de um grupinho que está à volta deles, mas as pessoas minhas amigas disseram que sim, o que me satisfaz imenso”, disse.
Considerado um dos maiores expoentes do Surrealismo português, Cruzeiro Seixas expõe desde os anos 40 e está representado em muitas coleções particulares e museus nacionais, nomeadamente o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian e no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado.
Entre 1969 a 1974, Cruzeiro Seixas foi diretor artístico da Galeria São Mamede, onde apoiou o lançamento de artistas como Paula Rego, Mário Botas, Raúl Perez, António Areal, Cesariny e Júlio Reis Pereira.
O artista continua a expor não só em Portugal, mas também no estrangeiro, nomeadamente nos Estados Unidos e na Bélgica.
HYT.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben