Futebol: Racismo – Um atentado “contra o valor humano” com influência no rendimento dos jogadores, diz psicólogo

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Os insultos racistas podem influenciar negativamente o rendimento dos futebolistas porque “atentam contra o valor humano”, defende o professor de Psicologia do Desporto Sidónio Serpa, quando se inicia a Semana Contra o Racismo no Futebol.

    Em declarações à Agência Lusa, Sidónio Serpa, professor na Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa, afirmou que, “do ponto de vista de valor humano, atinge mais profundamente um insulto racista do que um insulto à família”, porque estes “são tão habituais que acabam por deixar de provocar reacção.”

    Sidónio Serpa considera “úteis” iniciativas como a Semana Futebol Contra o Racismo na Europa – que a UEFA e a Rede de Futebol Contra o Racismo promovem entre até 28 de Outubro, pela nona temporada consecutiva -, porque recorrem a “ modelos sociais” que são respeitados e se associam “valores positivos”.

    Segundo o professor, estas acções beneficiam os jovens, porque qualquer mensagem trasmitida pelos ídolos tem “um significado muito maior para as pessoas”, mas Sidónio Serpa afirma que estas transformações “levam tempo, porque desmontam atitudes e valores que por vezes estão muito arreigados”.

    O psicologo defende que os insultos de natureza racista podem “afectar mais fortemente o atleta do ponto de vista emocional e, se o afecta emocionalmente, é provável que o seu rendimento desportivo seja menor”, embora esta situação também dependa em grande medida dos “grupos de suporte que o jogador tem à sua volta”.

    “Por outro lado, estes insultos podem estar associados a riscos físicos”, porque uma coisa é adeptos insultarem “de forma ofensiva um jogador” e outra é isso corresponder a um ambiente efectivamente “racista e xenófobo”, complementou Sidónio Serpa.

    Segundo o psicólogo, o racismo e a xenofobia resultam “essencialmente da recusa da diferença”, porque as pessoas “habituam-se a um determinado padrão de comportamento, a um padrão de pessoas, porque sabem com o que contam e, além disso, como são familiares com esses padrões, associam o que é bom ao padrão a que pertencem, e o que é mau ao padrão que lhes é externo”.

    Segundo Sidónio Serpa, os aspectos relacionados com o racismo tendem a agravam-se “quando as sociedades vivem crises, em que os recursos vão sendo mais reduzidos para distribuir por mais gente”.

   

    JZM.

    Lusa/Tudoben

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