Serpa/Teatro: Companhia de Serpa estreia adaptação de “Doroteia” de Nelson Rodrigues
Serpa, Beja, 17 mar (Lusa) – A Companhia de Teatro Baal 17, de Serpa, no Baixo Alentejo, estreia quinta feira uma adaptação da peça “Doroteia”, a obra “mais controversa” do “polémico” repertório dramático de Nelson Rodrigues, considerado “o maior dramaturgo brasileiro do século XX”.
Após a estreia, às 21:30, no Cineteatro Municipal de Serpa, o espetáculo, a 25.ª produção da Baal 17, vai estar em cena naquela sala nos dias 19, 20, 26 e 27 e em escolas nos dias 23, 24 e 25 deste mês.
Trata-se de “uma peça maldita, conforme Nelson Rodrigues dizia sobre o seu teatro”, e “polémica”, mas que “acaba por ser um elogio ao amor”, disse hoje à Agência Lusa o encenador Eduardo Condorcet.
“Foi um grande desafio” levar “Doroteia” à cena, confessou, frisando que a peça “obriga a um esforço enorme, quase heróico, dos atores” e, neste sentido, “foi muito difícil de encenar”.
“Apesar disso, creio que toda a equipa envolvida conseguiu um resultado que agradará ao público”, disse.
Segundo a Baal 17, a cena passa-se numa casa onde “trespassa” a “náusea” de uma família constituída por Doroteia, uma prostituta arrependida, as suas três primas viúvas, Flávia, Maura e Carmelita, uma adolescente que “nasceu morta e que se casará amanhã”, a mãe do noivo e homens invisíveis.
A peça, que conta com as interpretações de Ana Leitão, António Abernú, Filipe Seixas, Paulo Duarte, Rui Ramos e Vânia Silva, conta a história de Doroteia, uma pária fugida da casa da família para “errar no mundo”, tornando-se prostituta.
“Arrependida”, Doroteia, para se “redimir do pecado da lascívia”, regressa a casa das suas três primas viúvas, que lhe “exigem uma redenção total com o desfiguramento do corpo e do rosto”.
Nelson Rodrigues “insurge-se contra este destino, marcando o texto com toda a obsessão, paixão, loucura e resistência a este ato castrador” e a Baal 17 “extrema a questão”, já que a Doroteia e Flávia “são ambas a mesma pessoa” que vive “o combate pessoal permanente entre liberdade e castração”.
Através da encenação de “Doroteia”, a Baal 17, que já levou à cena as obras “Beijo no Asfalto” e “Valsa n.º 6” de Nelson Rodrigues, “encerra a trilogia a que se propôs em torno da obra daquele que é considerado o maior dramaturgo brasileiro do século XX”.
LL.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben