Évora: Trabalhadores da Kemet Electronics avançam com greve para reivindicar aumentos salariais
Os trabalhadores da fábrica de Évora da multinacional norte-americana Kemet Electronics iniciam segunda feira uma greve de duas horas no princípio de cada turno e durante quatro dias para reivindicarem aumentos salariais, disse hoje fonte sindical.
“Os trabalhadores da Kemet há três anos que não têm aumento salarial, querem uma atualização e, como todos os outros portugueses, 22 dias de férias e não apenas 16”, adiantou à Agência Lusa Paulo Ribeiro, dirigente do Sindicato das Indústrias Elétricas do Sul e Ilhas (SIESI).
De acordo com o sindicalista, a paralisação da próxima semana tem como objetivo protestar contra a decisão da administração da empresa de suprimir o pagamento do subsídio de turno e do trabalho noturno, o que significou uma “redução nos salários na ordem dos 30 por cento”
“Os trabalhadores estavam habituados a um tipo de salário e agora foram confrontados com reduções de quatro, cinco e seis mil euros anuais”, afirmou Paulo Ribeiro, explicando que a maioria dos 348 trabalhadores labora, em dois turnos, 12 horas por dia, incluindo aos fins de semana, sem qualquer remuneração adicional.
Para o dirigente do SIESI, a redução dos ordenados não se justifica, porque “os apoios que a Kemet recebeu [do Estado] teriam permitido manter os horários normais de trabalho e não teria levado a este corte de salários”.
“Estes trabalhadores, enquanto assistiam à redução de salários e aos lay-off’s, a empresa recebia apoios do Estado português, ao abrigo do programa de valorização potencial humano e de incremento de fatores de competitividade”, sublinhou, adiantando que os apoios, em 2009, chegaram aos 3,5 milhões de euros.
O sindicalista considerou que a administração da Kemet “tentou tirar a maior vantagem possível” da crise, que “foi acabar com perto de 200 postos de trabalho e reduzir o salário significativamente aos trabalhadores, sempre com a ameaça que poderia levar a produção para outro país”.
Segundo o dirigente sindical, os trabalhadores reivindicam também o cumprimento do direito legal a um mínimo de 22 dias úteis de férias, o respeito patronal pelos direitos dos trabalhadores estudantes, a atribuição de funções correspondentes às suas categorias profissionais e o fim da deslocalização de equipamentos para o México.
Com cerca de 350 operários, a fábrica de Évora da multinacional norte-americana Kemet Electronics produz condensadores de tântalo, componentes utilizados na produção de telemóveis e em equipamentos eletrónicos para a indústria automóvel.
SYM.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben