Castro Verde/Minas: Delegação sindical de Neves-Corvo pede na quarta feira ajuda ao Palácio de Belém
Castro Verde, Beja, 30 mar (Lusa) – Uma delegação sindical representativa dos trabalhadores da Somincor, concessionária da mina de Neves-Corvo (Castro Verde), desloca-se na quarta feira à Presidência da República, na esperança de “algum contributo” de Cavaco Silva para resolver o conflito com a empresa.
“A esperança é a última coisa a morrer. Esperamos que, desta reunião, saia algum contributo para a resolução deste conflito, que já dura há bastante tempo”, frisou hoje à agência Lusa Jacinto Anacleto, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM).
O STIM pediu uma audiência a Cavaco Silva para a passada quinta feira, mas, devido à “ausência”, naquele dia específico, de quem deveria receber a delegação, a reunião foi agendada para esta quarta feira, às 10:30.
“Esta reunião vem na sequência do contacto que tivemos com o Presidente da República (PR) na recente visita que fez ao Alentejo, onde lhe entregámos um documento com todas nossas preocupações”, que originaram “esta greve na Somincor”, lembrou.
Agora, os representantes do STIM, frisou, vão “tentar saber quais a diligências que foram feitas” por parte da Presidência da República, para procurar solucionar o diferendo entre a administração da empresa e os trabalhadores, que iniciaram hoje a sétima semana consecutiva de greve.
O PR “transmitiu-nos que ia analisar o documento e que, mais tarde, ele ou algum assessor se pronunciariam, pelo que vamos ver quais a diligências que já foram feitas no sentido de desbloquear este conflito”.
A mesma fonte sindical, assegurou ainda que, apesar de a greve já ir na sétima semana (foi iniciada a 16 de fevereiro), a administração refere que “está disponível para dialogar”, mas “o que é facto é que essa disponibilidade não passa disso mesmo”.
“Face à postura anti negocial da administração da Somincor”, empresa que pertence ao grupo Lundin Mining, o antigo dono da mina de Aljustrel, “não nos resta outra hipótese senão dar continuidade à luta que temos vindo a desenvolver”, alertou.
A greve na mina de Neves Corvo é de duas horas diárias no início de cada turno, com a reivindicação de um aumento de cem euros no subsídio de fundo, que é atribuído aos mineiros.
Trata-se de “pouco mais de três euros por dia”, precisou Jacinto Anacleto, justificando o aumento do subsídio com a “penosidade do trabalho no fundo da mina, a 700 metros de profundidade, com temperaturas elevadas íssimas, humidades muito excessivas e constante eminência de ocorrerem derrocadas”.
Os trabalhadores reivindicam também o pagamento da metade que falta da compensação de 2009 relativa ao trabalho no dia de Santa Bárbara, padroeira dos mineiros e “a garantia do pagamento da compensação na totalidade este ano e nos próximos anos”.
Em declarações à Lusa, a porta-voz da Somincor, Lígia Várzea, já garantiu que a administração da empresa “dialogará com os trabalhadores se a greve for desconvocada”.
RRL/LL.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben