Património: Mau tempo agrava degradação de igrejas históricas do Baixo Alentejo
O mau tempo dos últimos meses agravou a degradação de algumas igrejas históricas do Baixo Alentejo, como a Basílica de Castro Verde, o caso “mais preocupante”, disse à Lusa fonte da Diocese de Beja.
“O inverno está a ser extremamente rigoroso e temos várias igrejas da região com problemas”, como a Basílica de Castro Verde, a Igreja de Nossa Senhora ao Pé da Cruz, em Beja, e igrejas rurais nos concelhos de Almodôvar, Mértola, Moura e Serpa, precisou o diretor do Departamento do Património Histórico e Artístico (DPHA) da Diocese de Beja, José António Falcão.
A Basílica de Castro Verde, monumento de interesse público e “uma das referências mais importantes do barroco pleno” no Sul do país, frisou, tem “grandes problemas de conservação”.
A “invernia” dos últimos meses criou “uma situação deplorável”, disse, precisando que “chove dentro da igreja”, cujas pinturas murais, “algumas obras-primas do barroco alentejano”, estão “muitíssimo degradadas”.
Após “gerações de infiltrações de águas”, no teto da igreja, forrado a madeira, uma “peça arquitetónica de exceção” e “um dos poucos exemplos da antiga marcenaria portuguesa”, há tábuas “a despregaram-se”, o que “provoca grandes danos na pintura mural”, da qual “já caíram fragmentos”, e “pode ser extremamente perigoso para quem circula” no edifício, alertou.
“Há algumas semanas, durante a celebração da eucaristia dentro da igreja, um dos participantes foi atingido por um pedaço considerável de argamassa”, que caiu do teto, lembrou, frisando que, devido à altura do edifício, a queda de um pedaço de argamassa em cima de alguém “pode ter efeitos mortais”.
“Boa parte” dos quase 60 mil azulejos que compõem o ciclo azulejar da Basílica, do século XVIII, “um dos mais belos do país” e que retrata a Batalha de Ourique, estão “desagregados da parede” e “em risco de colapso”.
“Isto é como um gigantesco dominó, que, de um momento para o outro, pode começar a desmembrar-se”, disse, explicando que foi necessário recorrer a fita-cola para fixar azulejos já desagregados da parede para evitar que caiam e se partam.
O teto, as pinturas murais e ciclo azulejar estão “em risco” e “é necessário intervir urgentemente”, caso contrário, “não vai restar, nos próximos tempos, outra solução senão encerrar a igreja”, que “vai entrar num processo de degradação que nalgumas das suas componentes patrimoniais poderá ser irreversível”.
Para financiar a requalificação da Basílica, orçada em dois milhões de euros, a Diocese de Beja apresentou, em 2009, uma candidatura ao Quadro de Referência Estratégico Nacional que foi reprovada, lembrou, referindo que vai ser submetida nova candidatura.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Castro Verde, Francisco Duarte, apelou à “boa vontade de todos”, Estado, autarquia e Diocese de Beja, para se encontrarem “as melhores soluções” para financiar a contrapartida nacional do projeto de requalificarão da igreja.
Fundada no século XIII, a Basílica foi reconstruída no século XVIII e é a homenagem de D. João V a Castro Verde, onde se travou a batalha de Ourique, decisiva para afirmar Portugal como reino independente.
LL.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben