Reformados vão pagar a “fatura”, queixam-se idosos de Évora que dizem ter cinto “no último furo”
A “fatura” das medidas de austeridade tomadas pelo Governo vai ser paga especialmente pelos reformados, queixaram-se ontemvários idosos de Évora, num encontro promovido pelo PCP, tendo um deles assegurado que “o cinto está no último furo”.
“Aperto o cinto, mas é cada vez mais difícil porque são sempre os pequeninos, que não criaram a crise, a pagar tudo. O cinto está no último furo”, desabafou à Agência Lusa Ilídio Riço, de 66 anos.
Este reformado da função pública, “preocupado” sobretudo com o aumento de um por cento do IVA, por vaticinar a subida do preço de bens essenciais como “os medicamentos, o pão, o arroz, as massas ou a água”, foi um dos cerca de 30 idosos de Évora que participaram num encontro do PCP.
A ação de esclarecimento abordou o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) e o conjunto de medidas de austeridade anunciado quinta feira pelo Governo.
“Estão a pedir sacrifícios aos mesmos de sempre. Quando vemos e ouvimos, na televisão, que um banco ganhou ‘x’ milhões por dia, é difícil compreender como é que nos vêm sacar o pouco que ainda temos”, criticou Ilídio Riço.
Também Francisco Mira, de 80 anos, expressou a sua incompreensão, coligada com “tristeza” e “revolta”, quanto “aos novos sacrifícios”, quando a reforma de “pouco mais de 300 euros” que aufere “nem dá para todos os medicamentos”.
“Isto é um roubo e os reformados são os mais prejudicados. Tenho meses em que não posso comprar todos os medicamentos, mas não ando a pedir esmola. Hei-de morrer de pé”, desabafou.
Para este reformado, os que “administraram mal o dinheiro que foi ganho por todos quantos trabalharam” é que “deviam pagar a fatura da crise” e “as dívidas do país”.
“Isto está um caos, mas vou continuar a lutar porque gostava de deixar isto [o país] melhor para os de amanhã”, disse, criticando ainda a negociação das medidas de austeridade entre PS e PSD: “Este casamento com a direita… À direita me bateu o meu pai e continuo a levar porrada deles!”.
As “dificuldades acrescidas” para os reformados, o grupo populacional com “piores condições de vida, agravadas em situações de crise”, foram igualmente realçadas por José Alves, membro da Direcção da Organização Regional de Évora (DOREV) do PCP.
“Os reformados são quem mais compra medicamentos e bens de primeira necessidade. Quando se aumenta o IVA, a sua vida fica mais difícil”, disse.
Por isso, José Alves apelou à mobilização dos reformados, idosos e pensionistas na manifestação nacional de dia 29, convocada pela CGTP, em Lisboa: “Estas medidas de austeridade vêm facilitar e reforçar a necessidade da sua participação”.
RRL.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben