Extracção e produção de zinco em Neves-Corvo e Aljustrel suspensas
A Lundin Mining Corporation anunciou hoje a suspensão da extracção e produção de zinco nas minas de Neves Corvo e Aljustrel (Beja), até que “haja uma recuperação dos preços” daquele metal no mercado.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a Lundin Mining, detentora das empresas concessionárias dos dois complexos mineiros alentejanos, a Somincor (Neves-Corvo) e a Pirites Alentejanas (Aljustrel), expressa, contudo, uma “perspectiva optimista de médio prazo em relação ao preço do zinco”.
A empresa prevê que “haverá um défice na oferta de concentrado de zinco, uma vez que o crescimento económico se restabeleça”.
Esta decisão do grupo mineiro implica que a mina de Aljustrel, devido aos “baixos preços” actuais do zinco, único metal que estava a ser extraído no complexo, seja colocada em situação de manutenção das instalações, com “suspensão da actividade produtiva”.
Quanto à mina de Neves-Corvo (concelho de Castro Verde), a empresa decidiu suspender a produção de zinco, embora continue a extracção e produção de cobre.
Após 13 anos parada, a retoma da exploração na mina de Aljustrel foi formalizada a 15 de Maio de 2006, quando começaram os trabalhos preparatórios, que decorreram até Janeiro deste ano, altura em que começou a extracção.
A 19 de Maio deste ano, durante a cerimónia que marcou o arranque simbólico da retoma da sua produção comercial, com a presença do primeiro-ministro José Sócrates, a Pirites Alentejanas previu que o complexo estivesse a funcionar em pleno em 2009.
Na cerimónia, José Sócrates apontou a reactivação das minas de Aljustrel como exemplo dos projectos necessários para Portugal, visto envolverem investimento, criarem emprego e contribuírem para o reforço das exportações.
Por seu lado, o vice-presidente da Lundin Mining, João Carrêlo, garantiu então que a reactivação da mina era uma aposta “séria e merecedora de credibilidade”.
Na altura, João Carrêlo anunciou que o grupo sueco/canadiano queria “apostar fortemente” na indústria mineira em Portugal, com cinco projectos nos distritos de Beja e Setúbal, num investimento estimado em 242,5 milhões de euros.
No comunicado enviado hoje, a Lundin Mining anuncia que a situação de “care and maintenance” (manutenção das instalações) da mina de Aljustrel tem “efeitos imediatos” e que, desde a fase de pré-produção, os prejuízos estimados ascendem a “cerca de 45 milhões de euros”.
A empresa realça a “súbita e significativa descida dos preços”, de “mais de 50 por cento”, do mercado mundial do zinco, desde a inauguração oficial do complexo mineiro, mas assegura que a situação desta mina será “revista periodicamente”.
O presidente do grupo, Phil Wright, citado no comunicado, lamenta a decisão de suspender a laboração, mas garante que não havia “outra opção”, não só pelos “preços actuais dos metais”, mas também devido aos “baixos teores do minério” existente em Aljustrel.
Segundo a empresa, o projecto de Aljustrel foi concebido inicialmente como “um projecto de zinco com recursos limitados de cobre, para serem extraídos no fim da vida útil da mina”, ainda que “recentes sondagens” tenham aumentado a quantidade de recursos daquele metal disponível para extracção.
“Este aumento, juntamente com os recursos actualmente inviáveis de zinco, conduziu a um plano de lavra”, inicialmente focado para a extracção dos recursos de cobre, “tecnicamente possível”, mas estudos detalhados confirmaram, depois, que esta opção “era também inviável economicamente, tendo em conta os preços actuais do metal”.
Aljustrel planeou produzir 80 mil toneladas anuais de metal contido no concentrado de zinco, tendo sido investidos na construção do projecto “150 milhões de euros”.
Agora, os custos relativos à manutenção das instalações são estimados pelo grupo em quatro milhões de euros por ano.
Relativamente a Neves-Corvo (trata anualmente dois milhões de toneladas de cobre e meio milhão de toneladas de zinco), com a suspensão do negócio do zinco, a Somincor vai extrair minério de cobre “de baixo teor, mas rentável”, a tratar na lavaria de zinco.
O presidente da Lundin Mining garantiu que “não faz sentido produzir zinco a estes preços” e realçou a flexibilidade da lavaria daquele metal, que vai permitir que a mina possa “aumentar a produção de cobre no curto prazo”.
O zinco já extraído e que se encontra em stock ainda vai ser processado, ressalva a empresa, explicando que, só depois, é que aquela lavaria irá ser afecta à produção do concentrado de cobre.
Ainda assim, a empresa promete continuar, embora a “ritmo lento”, o investimento de “expansão do negócio do zinco” em Neves-Corvo, desde que os preços o justifiquem.
A previsão aponta para a duplicação da actual capacidade da produção daquele metal “para 50 mil toneladas, a partir de 2011”, e eventualmente investir, “até 2013, numa expansão do jazigo do Lombador”.
“Com recursos de zinco de classe mundial, o grupo Lundin Mining espera expandir a sua produção de zinco, logo que haja um crescimento da economia”, promete ainda Phil Wright.
RRL/LL.