Casa Pia: Ministério Público inicia alegações finais com episódio de 1982

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O procurador João Aibéo iniciou hoje as alegações finais do processo de pedofilia da Casa Pia invocando um episódio de 1982 em que um casal de jovens da inctituição foi encontrado na casa do embaixador Jorge Ritto em Cascais.    Apesar de reconhecer que este episódio, ocorrido há mais de 25 anos, não integra factos que incriminem os arguidos, João Aibéo considerou que os depoimentos prestados em tribunal permitiram concluir que Carlos Cruz frequentava a casa de Jorge Ritto, onde alegadamente ocorreram “orgias e bacanais”.

 

    Segundo João Aibéo, este episódio e o facto de Carlos Cruz ter chegado a ser chamado à polícia em 1984 para prestar declarações sobre o caso terão levado o apresentador de televisão a ter “mais cuidado e mais cautelas” daí em diante.

    Nas palavras de João Aibéo, este episódio foi “um susto” para o apresentador de televisão que, apesar de passar a ter mais cautelas, não deixou de manter o mesmo comportamento.

    O procurador realçou o facto de Carlos Cruz, três dias depois da detenção do principal arguido no processo, Carlos Silvino, ter dado entrevistas sobre o caso às estações televisivas.

    Naquele dia, 28 de Novembro de 2002, o apresentador esteve nos “principais telejornais das três principais televisões nacionais”.

    Segundo o procurador, Carlos Cruz “sentiu necessidade de ir às televisões explicar-se” e “conseguiu emocionar-se das três vezes”.

    Aibéo utilizou este episódio para sustentar a alegada influência de Carlos Cruz junto dos órgãos de comunicação social: “Quem mais teria poder para isso”.

    Na introdução às alegações finais, Aibéo referiu-se à “vastidão do processo” – afirmando ser “o sujeito processual que lida com mais factos” – para traçar a sua metodologia.

    Assim, o procurador do Ministério Público começou a falar de um episódio de 1982, indo debruçar-se a seguir sobre o conjunto dos depoimentos dos educadores da Casa Pia e depois do papel da polícia durante a investigação.

    O procurador referir-se-á depois ao resumo da prova testemunhal e para terça-feira deverá deixar os itens constantes no despacho de pronúncia, concluindo com a situação da casa de Elvas onde alegadamente terão ocorrido abusos sexuais, a que envolve todos os arguidos.

    O Ministério Público começou hoje as alegações finais do processo Casa Pia, após quatro anos de julgamento, no último esgrimir de argumentos entre a palavra das vítimas contra a dos arguidos, à excepção de Carlos Silvino, que confessou os crimes.

    O procurador João Aibéo terá a difícil missão de sintetizar nas alegações finais quatro anos de produção de prova em julgamento, substanciada nos crimes imputados aos arguidos, formulados pelos jovens casapianos e corroborados pelo principal arguido do processo, o ex-motorista da Casa Pia Carlos Silvino (“Bibi”), que, no entanto, não incriminou o ex-provedor-adjunto Manuel Abrantes.

   

    AMN/APN/FC.

    Lusa/Tudoben

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