Minas: Cerca de 300 mineiros e habitantes de Aljustrel manifestam-se hoje à porta do primeiro-ministro
Cerca de 300 pessoas, entre trabalhadores da mina e habitantes de Aljustrel, manifestam-se hoje à porta da residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, para exigir uma “solução rápida” para a retoma da laboração, suspensa há 12 dias.
A “acção de luta”, a partir das 11:00, vai juntar “cerca de 300 pessoas”, entre habitantes e trabalhadores da Pirites Alentejanas (PA), concessionária da mina de Aljustrel, que vão deslocar-se em “quatro autocarros e transportes particulares”, disse à agência Lusa Jacinto Anacleto, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM).
Segundo o dirigente sindical, a manifestação, que contará com a presença do presidente do município, José Godinho, vai realizar-se “em prol da manutenção dos postos de trabalho” na PA e para “apressar o Governo a intervir o mais rápido possível”.
“Pedimos uma audiência com o primeiro-ministro, para as 11:30, mas não obtivemos resposta. De qualquer forma, vamos lá manifestarmo-nos e tentar ser recebidos”, disse Jacinto Anacleto.
Após a manifestação, adiantou o sindicalista, uma delegação representativa do STIM e da Comissão de Trabalhadores da PA desloca-se à Assembleia da República, para audiências com os grupos parlamentares do PS, PCP e PEV.
“Vou integrar a manifestação, porque a suspensão da produção na mina de Aljustrel, além de um problema laboral, é também um problema social e económico, que afecta todo o concelho”, explicou à Lusa o autarca local, José Godinho.
A manifestação à porta da residência oficial do primeiro-ministro foi decidida num plenário realizado há uma semana em Aljustrel, um dia depois de uma delegação de representantes do STIM e da Comissão de Trabalhadores da PA ter saído preocupada e prometendo novas formas de luta de uma reunião com o ministro da Economia, em Lisboa.
No final da reunião, no passado dia 17, Manuel Pinho reafirmou que o Governo já contactou “potenciais interessados em retomar a actividade” na mina de Aljustrel e que “existem investidores credíveis”, mostrando-se confiante na obtenção de resultados positivos das negociações em curso, que estarão concluídas no princípio de Dezembro.
O ministro da Economia acrescentou também que gostaria que o sucesso das negociações incluísse a manutenção dos postos de trabalho e o fim das rescisões de contratos na PA.
“Em Aljustrel, vive-se um clima de muita insatisfação”, garantiu Jacinto Anacleto, afirmando que as respostas que obtiverem do ministro da Economia “não foram as que pretendiam”.
“Vamos ao sr. primeiro-ministro em busca de respostas concretas, que tanto ansiamos e desejamos o mais rápido possível”, disse o sindicalista, referindo que os trabalhadores querem que José Sócrates “garanta que os postos de trabalho na mina de Aljustrel não serão postos em causa”.
“Há seis meses atrás, foi o sr. primeiro-ministro que veio a Aljustrel, com pompa e circunstância, anunciar que a Pirites Alentejanas era uma empresa exemplo a seguir”, recordou, lamentando a suspensão da laboração na mina alentejana.
“Não é disto que o país precisa. O país precisa é da mina a trabalhar e dos postos de trabalho assegurados”, afirmou.
A Lundin Mining, que detém a Somincor (da mina de Neves-Corvo) e a PA (mina de Aljustrel), suspendeu no passado dia 13 a extracção e produção de zinco naqueles dois complexos mineiros, localizados no distrito de Beja, devido à baixa cotação daquele metal no mercado.
Durante a suspensão, que vai manter-se até que “haja uma recuperação dos preços”, a mina de Aljustrel ficará com a produção parada e em situação de manutenção das instalações.
LL/MLM.
Lusa/Tudoben