Mineiros de Aljustrel saem de Lisboa com “duas mãos cheias de nada”
Os mineiros de Aljustrel saíram ontem da residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, com “duas mãos cheias de nada”, disse no final da reunião o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM).
“O que trazemos daqui é nada, duas mãos cheias de nada”, afirmou Jacinto Anacleto no final de uma reunião com o assessor do primeiro-ministro para as questões sociais, em que participou uma delegação constituída por cinco elementos.
“O governo diz que está atento às negociações que decorrem, mas não revela nomes de empresas. Achamos estranho, mas queremos acreditar que há negociações”, referiu o dirigente sindical, acrescentando que “não resta outra hipótese senão dar continuidade à luta e defesa da manutenção dos postos de trabalho”.
Cerca de 300 pessoas, entre habitantes e trabalhadores da Pirites Alentejanas (PA), concessionária das minas de Aljustrel, manifestaram-se ontem à porta da residência oficial do primeiro-ministro para exigir uma “solução rápida” para a retoma da laboração, suspensa há 12 dias.
A manifestação, que contou com a presença do presidente do município, José Godinho, realizou-se “em prol da manutenção dos postos de trabalho” na PA e para “apressar o Governo a intervir o mais rápido possível”.
Após a manifestação, uma delegação representativa do STIM e da Comissão de Trabalhadores da PA deslocou-se à Assembleia da República, para audiências com os grupos parlamentares do PS, PCP, PEV e Bloco de Esquerda.
A manifestação à porta da residência oficial do primeiro-ministro foi decidida num plenário realizado há uma semana em Aljustrel, um dia depois de uma delegação de representantes do STIM e da Comissão de Trabalhadores da PA ter saído preocupada e prometendo novas formas de luta de uma reunião com o ministro da Economia, em Lisboa.
No final da reunião, no passado dia 17, Manuel Pinho reafirmou que o Governo já contactou “potenciais interessados em retomar a actividade” nas minas de Aljustrel e que “existem investidores credíveis”, mostrando-se confiante na obtenção de resultados positivos das negociações em curso, que estarão concluídas no princípio de Dezembro.
O ministro da Economia acrescentou também que gostaria que o sucesso das negociações incluísse a manutenção dos postos de trabalho e o fim das rescisões de contratos na PA.
A Lundin Mining, que detém a Somincor (da mina de Neves-Corvo) e a PA (mina de Aljustrel), suspendeu no passado dia 13 a extracção e produção de zinco naqueles dois complexos mineiros, localizados no distrito de Beja, devido à baixa cotação daquele metal no mercado.
Durante a suspensão, que vai manter-se até que “haja uma recuperação dos preços”, a mina de Aljustrel ficará com a produção parada e em situação de manutenção das instalações.
JRS/LL/MLM.
Lusa/Tudoben