Marvão:Autarca acusa CP de “atentado patrimonial e cultural” na Estação de Beirã

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O presidente da Câmara Municipal de Marvão, Vítor Frutuoso, acusou hoje a CP de provocar um “verdadeiro atentado patrimonial e cultural” ao retirar o mobiliário que se encontrava na Estação de Beirã, naquele concelho alentejano.

Em declarações à agência Lusa, o autarca considerou esta acção desencadeada pela CP como um “verdadeiro atentado patrimonial e cultural”.

“A atitude não foi muito digna, porque esta estação é considerada como um local de referência para a população. Daquele local, entraram e saíram do país muitas pessoas, faz parte da nossa história, da nossa identidade”, sublinhou.

A Estação de Beirã, naquele concelho alentejano, foi construída nos finais do séc. XIX e está inserida no Ramal de Cáceres.

A infra-estrutura encontra-se activada, passando pelo local o comboio “Lusitânia” e vários comboios de mercadorias.

Para Vítor Frutuoso, esta medida desenvolvida pela empresa proprietária do imóvel “parece uma atitude de terceiro mundo”.

“Não compreendo como é que se chega a uma estação, que é realmente propriedade da CP, e se retira o mobiliário, sem primeiro dialogar com a autarquia que representa os interesses da população. Não custava nada dialogar”, observou.

Inconformado com esta situação, o presidente do município de Marvão, sublinhou ainda que, na altura em que a CP procedeu à retirada do mobiliário, as peças foram “cortadas” para poderem sair do interior das instalações.

“Isto não faz sentido”, declarou.

Segundo o município de Marvão, a Estação de Beirã foi palco de vários episódios relacionados com a história da Europa, no decorrer da 2ª Guerra Mundial.

Naquele espaço, reuniram espiões, combinaram-se estratégias, foram assinadas declarações de neutralidade e deteve-se muito “ouro nazi”.

A Câmara Municipal de Marvão, face à história que envolve aquele espaço, pretende que o mesmo seja classificado como de interesse municipal e junto do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico (IGESPAR).

O autarca assegurou que já deu a conhecer à CP o seu “descontentamento” sobre esta situação, afirmando não ter ainda obtido qualquer reposta.

Contactada pela Lusa, fonte da CP revelou que a empresa ainda não recebeu qualquer pedido de aquisição daquele mobiliário, desconhecendo também a existência de uma missiva em nome da autarquia a “repudiar” a acção levada a cabo pela empresa na Estação de Beirã.

A mesma fonte garantiu que a CP retirou o mobiliário daquele espaço porque não estava a ser utilizado, encontrando-se, nesta altura, guardado em local seguro.

Outro dos motivos apresentados por parte da CP para a tomada desta posição, passa por salvaguardar os seus bens face aos actos de vandalismo que poderiam vir a ocorrer naquela estação.

HYT.

Lusa/Tudoben

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