“Perdigões: O centro de um mundo – Revelações de uma comunidade pré-histórica”
Museu do Fresco, em Monsaraz, apresenta exposição sobre os achados no complexo arqueológico dos Perdigões
O Museu do Fresco, na vila medieval de Monsaraz, vai apresentar a partir do dia 21 de julho a exposição “Perdigões: O centro de um mundo – Revelações de uma comunidade pré-histórica”. Esta mostra de arqueologia vai estar patente durante um ano e pode ser visitada todos dias entre as 10h e as 12h30 e das 14h às 18h.
O povoado dos Perdigões, ocupado entre os anos 4000 e 3000 a.C., situa-se a cerca de um quilómetro de Reguengos de Monsaraz e é um grande complexo de recintos delimitados por grandes fossos (estruturas escavadas na rocha), com necrópoles (cemitérios) e um cromeleque de menires associado (recintos cerimoniais circulares compostos por grandes blocos de pedra colocado ao alto), que teve início no final do Neolítico (há cerca de 5500 anos) e durou até ao início da Idade do Bronze (há cerca de 4000 anos), representando 1.500 anos de história.
O sítio terá tido um papel muito importante para as comunidades que habitavam aquela área na Pré-história e seria, provavelmente, um local utilizado para a prática de cerimónias rituais relacionadas com o culto dos mortos e dos antepassados. São os vestígios dessas práticas que têm vindo a ser postas a descoberto pelo Núcleo de Investigação Arqueológica da ERA Arqueologia, que desenvolve há 16 anos campanhas de escavação no local, que vão estar em exposição no Museu do Fresco. As investigações em curso são financiadas pelo Esporão, pela ERA e por um projeto da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Várias estruturas negativas tipo fosso estão a ser intervencionadas e datadas, mas um dos aspetos mais significativos é a presença de contextos funerários de cremações humanas datados de há cerca de 4500 anos, práticas funerárias consideradas pouco comuns na época e que levantam interessantes questões sobre as visões do mundo e do ser humano que estariam em transformação. Associadas a estes contextos de cremações humanas tem vindo a ser registado um notável conjunto de estatuetas antropomórficas em marfim, de grande naturalismo e beleza estética que, conhecidas noutros contextos do sul peninsular, aparecem pela primeira vez em território nacional. O seu significado é assunto de debate entre os especialistas, podendo representar divindades, pessoas ou estatutos sociais concretos, grupos de identidade ou parentesco.
Hoje, dia 20 de julho, será promovido um Dia Aberto para todos os interessados conhecerem o Complexo Arqueológico dos Perdigões. A partir das 9h20, na Praça da Liberdade, a Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz disponibiliza o transporte para a visita ao povoado dos Perdigões, acompanhada pelo arqueólogo António Valera, e à exposição na Torre do Esporão. Às 12h haverá uma palestra no Auditório do Enoturismo do Esporão com o título “A rede de relações dos Perdigões: progressos da investigação”, por António Valera, seguindo-se uma visita às caves e adegas da Herdade do Esporão.
O Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico determinou no dia 4 de março de 2013 a abertura do procedimento de classificação do Complexo Arqueológico dos Perdigões como Sítio de Interesse Nacional (Monumento Nacional) pela sua importância arqueológica, científica e histórica e pela necessidade de preservar e salvaguardar este sítio arqueológico. O sítio em vias de classificação e os bens imóveis localizados na zona geral de proteção (50 metros contados a partir dos seus limites externos) ficam abrangidos pelas disposições legais em vigor.