Autárquicas/Beja: Jerónimo diz que PS pode “juntar os trapinhos com a direita”
Beja (Lusa) – O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse ontem à noite em Beja que os socialistas poderão “juntar os trapinhos com a direita”, mesmo através de acordos informais, para prosseguir a política dos últimos quatro anos.
No final de um jantar-comício em Beja, que contou com a presença de mais de mil apoiantes, segundo disse, Jerónimo de Sousa confessou sentir “inquietação” porque o país está a “andar para trás” a nível económico e social.
“As eleições de 27 de Setembro não resolveram a questão. Deram um pancadão aos que andaram a governar à direita durante quatro anos e meio”, afirmou, reiterando que a CDU “retirou a maioria absoluta” ao PS e provocou “uma pesada derrota nas eleições”.
No entanto, sublinhou, “o problema não está resolvido”, acrescentando que “se eles puderem, vão juntar os trapinhos com a direita, mesmo que não seja formal, para continuar a prosseguir a mesma política”.
Jerónimo de Sousa insistiu que nas eleições do próximo domingo, além do poder local, também está em causa “dar força à força que sempre lutou e sempre lutará pelos interesses dos trabalhadores e do povo português”.
“Se não derem força a esta força, esta política de direita pode voltar a acentuar-se e uma nova ofensiva pode surgir”, sublinhou.
Comentando que em todos os actos eleitorais, a CDU tem ficado à frente no distrito de Beja, o secretário-geral comunista destacou a participação de apoiantes no jantar desta noite.
“Podemos não perceber nada de sondagens nem de política, mas como dizia o poeta, o povo está na rua e vai dar um voto de confiança e de força à CDU”, sublinhou.
Jerónimo de Sousa afirmou-se confiante na reeleição do “camarada Chico” Santos, actual presidente da Câmara de Beja e novamente candidato ao cargo, salientando que o autarca, sendo médico de profissão, “não precisava nada de trabalhar tanto” no município, tendo em conta o seu “plano profissional e o plano financeiro e monetário”.
Esta noite o palco foi de facto dominado por Francisco Santos, que num discurso que se prolongou por quase uma hora, condenou atrasos na construção de infra-estruturas na região.
“Esta cidade está na moda e vai afirmar-se no futuro como uma cidade moderna, apesar do atraso indesculpável e incompreensível, por vezes, de infra-estruturas decisivas para o desenvolvimento do Alentejo e do concelho”, criticou.
Uma delas é o aeroporto local, que, salientou, “mesmo que os edifícios sejam inaugurados dentro de algum tempo, não estará operacional nos próximos meses”, referindo ainda os casos do IP8, que “não se sabe quando é que começa”, ou o Alqueva, cuja construção foi parada em 1978, “por ordem de um governo socialista”, e só foi retomada 15 anos depois.
JH.
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