Desporto: Naturalização – Gardener português em metade do tempo que Liedson
O australiano Joe Gardener, recentemente chamado aos trabalhos da selecção portuguesa de râguebi, precisou apenas de três anos para poder representar os “Lobos”, metade do tempo que o futebolista Liedson necessitou para vestir a camisola das “quinas”.
Ao contrário das outras modalidades, a Federação Internacional de Râguebi (IRB) declara elegível para representar uma selecção nacional o jogador que esteja, no mínimo, 36 meses consecutivos a competir no país em causa.
A Federação Portuguesa de Râguebi (FPR) aproveitou essa regra para accionar o requisito de interesse nacional da Lei da Nacionalidade, de modo a conseguir acelerar o processo de naturalização do jogador australiano.
“Sim, o hino já está aprendido. Quero muito cantá-lo no Mundial2011”, disse Gardener à Agência Lusa, que a partir de 21 de Outubro passa a ser luso-australiano.
Com alguma dificuldade em falar português, o defesa do Agronomia, uma das “estrelas” do campeonato nacional, prepara-se para representar a selecção portuguesa já em Novembro, nos encontros particulares agendados com a Argentina e Tonga.
“Quando cheguei a Portugal, pensava que iria cá passar um ano, mas fui ficando. Quero muito jogar o Mundial. Tenho a minha família na Austrália, é perto da Nova Zelândia, e seria fantástico jogar o Mundial com Portugal”, afirmou Gardener.
Além do jogador australiano, a regra do IRB já serviu para os argentinos Juan Murré, Juan Severino, Eduardo Acosta e Christian Spachuck adquirirem a nacionalidade portuguesa com menos de seis anos de residência em solo luso.
“São jogadores que dão uma clara mais-valia à selecção e estão perfeitamente integrados no nosso sistema. Somos totalmente abertos a essas situações”, referiu o seleccionador português, Tomaz Morais, à Agência Lusa.
Além do râguebi, o técnico defende “totalmente” a naturalização de atletas estrangeiros nos outros desportos para representarem as “cores nacionais”, desde que sejam uma “mais-valia”, e lembrou a estreia de Liedson na selecção de futebol.
“Se não fosse o golo do Liedson [na Dinamarca] já estávamos eliminados do Mundial de futebol”, apontou.
Contudo, o “levezinho”, assim como Deco e Pepe, tiveram que esperar seis anos para conseguirem a nacionalidade portuguesa e o mesmo aconteceu com atletas de outras modalidades.
Actualmente, Bosko Bjelanovic, de origem sérvia, é uma das figuras da selecção portuguesa de andebol, enquanto no basquetebol as cores nacionais já foram defendidas por jogadores de origem norte-americana, como Mike Plowden, nos anos 90, e, mais recentemente, Matt Nover.
No atletismo, as duas principais figuras portuguesas, Nélson Évora, medalha de ouro no triplo salto nos Jogos Olímpicos Pequim2008, e Naide Gomes, campeã mundial do salto em comprimento em pista coberta em Valência2008, nasceram fora de Portugal e tiveram que esperar os seis anos requeridos para obterem a cidadania nacional.
Nélson Évora, que nasceu na Costa do Marfim e chegou a representar Cabo-Verde, só obteve o estatuto em 2002, e Naide Gomes teve que esperar até 2001 para representar Portugal, depois de ter chegado a representar São Tomé e Príncipe nos Jogos Olímpicos Sydney2000.
Menos próxima era a relação de Francis Obikwelu com Portugal, mas o atleta nigeriano também se tornou português e fez subir a bandeira das quinas ao segundo varão mais alto na cerimónia do pódio da corrida dos 100 metros nos Jogos Olímpicos Atenas2004.
LG.
Lusa/fim.