Elvas/Água: Elvas e Monforte descontentes com Águas do Norte Alentejano ameaçam abandonar sistema multimunicipal
Os municípios de Elvas e Monforte acusaram hoje a Águas do Norte Alentejano, responsável pelo fornecimento de água na região, de aumentar os preços da água sem efetuar os investimentos prometidos e ameaçaram abandonar aquele sistema multimunicipal.
O presidente do Município de Elvas, José Rondão Almeida (PS), disse à Agência Lusa que a Águas do Norte Alentejano tem vindo a passar por dificuldades financeiras crescentes.
“A debilidade financeira da empresa deve-se, em parte, ao facto de haver autarquias que não pagam a água consumida. Não é o caso de Elvas, sem dívidas para com esta empresa”, disse.
Contudo, frisou o autarca, “há câmaras com pagamentos avultados em atraso, de cerca de centenas de milhares de euros, em certos casos, e há mesmo quem tenha dívidas na ordem de 1,5 milhões de euros”.
Só que, no entender de Rondão Almeida, “a câmara de Elvas não tem de pagar o que as outras autarquias devem”.
Já o presidente do Município de Monforte, Miguel Rasquinho (PS), lembrou que o contrato inicial de concessão assinado, em 2004, entre o Estado e a Águas do Norte Alentejano previa um investimento de 70 milhões de euros, não concretizado.
“O que nós contestamos é o facto de terem sido prometidas obras, investimentos e melhorias no fornecimento de água às populações que não foram realizadas. A par disso, a empresa aumentou a água em 10 por cento. O preço é incomportável para os consumidores de Monforte”, frisou.
A mesma posição foi subscrita pelo autarca de Elvas: “As infraestruturas prometidas não estão feitas” e “há quatro freguesias no concelho que continuam sem estações de tratamento de esgotos”.
“Agora, a empresa propõe um aumento de 10 por cento no fornecimento de água, com efeitos retroativos desde janeiro. Não podemos permitir isto”, criticou Rondão Almeida.
Os dois autarcas socialistas adiantaram que estão a estudar uma alternativa à situação, que pode mesmo implicar a sua saída do sistema multimunicipal.
“Queremos ser nós a fazer a gestão do fornecimento de água às populações, através da criação de um subsistema da albufeira do Caia. Já temos técnicos a estudar a viabilidade desse projeto”, anunciou Rondão Almeida.
Contactado pela Lusa, o presidente do Município de Campo Maior, Ricardo Pinheiro, escusou-se a prestar declarações sobre este assunto, limitando-se a revelar que a autarquia está “a estudar” a situação.
Campo Maior e Arronches são municípios igualmente abastecidos pelas águas da barragem do Caia.
Também contactada pela Lusa, a administração da Águas do Norte Alentejano remeteu uma posição sobre esta matéria para um comunicado de imprensa, que deverá ser divulgado hoje.
A empresa Águas do Norte Alentejano – concessionária do sistema multimunicipal de abastecimento de água e de saneamento do Norte Alentejano – serve os 15 municípios do distrito de Portalegre (Alter do Chão, Arronches, Avis, Campo Maior, Castelo de Vide, Crato, Elvas, Fronteira, Gavião, Marvão, Monforte, Nisa, Ponte de Sor, Portalegre e Sousel).
AYRM.
***Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben