Alentejo: Produtos tradicionais fazem da região “oásis” da gastronomia mediterrânica
Os produtos tradicionais do Alentejo, como o pão, o vinho e o azeite, faz da região um “oásis” da gastronomia mediterrânica, que apresenta crescente potencial turístico e cujos benefícios para a saúde são reconhecidos.
A gastronomia mediterrânica, precisamente, está em destaque em Évora, até domingo, no evento “Alentejo das Gastronomias Mediterrânicas”, que tem incluído conversas temáticas, uma conferência, workshops, jantares com chefes de cozinha e a Semana das Comidas de Azeite.
Promovido pela Turismo do Alentejo, Turismo de Portugal e Confraria Gastronómica do Alentejo, o certame tem decorrido ao longo da semana, para valorizar a gastronomia, os produtos tradicionais e a cozinha e cultura mediterrânicas.
Outro dos destaques da programação no Jardim Público, com chefes de cozinha nacionais e estrangeiros a protagonizarem aulas de culinária, sessões de show cooking e demonstrações, com direito a degustação das iguarias pelo público.
O chefe António Nobre, cozinheiro dos Hotéis Mar d’Ar, de Évora, e um dos protagonistas do evento, considerou à Agência Lusa que a gastronomia mediterrânica está sempre presente nas cozinhas dos alentejanos.
“O Alentejo pratica uma cozinha mediterrânica mesmo sem saber. Temos a sorte de a região nos brindar com todos os bons produtos, como as ervas aromáticas, o pão, o azeite e o vinho”, destacou o cozinheiro.
António Nobre, que defende que a cozinha típica alentejana é “única e muito rica”, por saber aproveitar os produtos tradicionais e sazonais, não duvida que os estrangeiros partilham da mesma opinião.
“O que torna a nossa cozinha única são as ervas aromáticas”, afirma, garantindo que os turistas, dos quatro cantos do mundo, que visitam o Alentejo “ficam encantados”.
Ciente de que, quando toca à culinária, os ingredientes frescos são parte do “segredo”, o chefe defendeu que, mesmo os profissionais, devem comprar os produtos a quem os cultiva.
“Os cozinheiros têm que ir ao encontro dos produtores e ao mercado. É importante este contacto porque, além vermos os produtos, os produtores também nos ensinam mais sobre os produtos”, advertiu.
Mas não é apenas o “paladar”, dos locais e dos turistas, que fica rendido à gastronomia mediterrânica. A saúde também agradece este tipo de alimentação, com produtos mais saudáveis, em detrimento de cozinhas baseadas em ingredientes químicos.
“É uma alimentação reconhecidamente saudável”, frisou à Lusa o médico Carlos Baeta, que pertence à Confraria Gastronómica da Dieta Mediterrânica, sublinhando tratar-se do “regime alimentar mais saudável que se conhece”.
Quem opta por esta dieta, que até previne “alguns tipos de cancro”, exemplificou, tem “menos enfartes, eventos cardiovasculares e doença coronária”.
“O facto de a dieta mediterrânica incluir uma percentagem considerável de fibras tem vantagens importantes” para prevenir “cancros gastrointestinais”, acrescentou.
Contudo, hoje em dia, a alimentação da população “não tem muito a ver com a gastronomia mediterrânica”, ressalvou, precisando que as pessoas “inverteram a ingestão calórica” e, pelo menos, “um terço da população portuguesa” ficou “obesa”.
Mas, no Alentejo, os ingredientes considerados pilares da gastronomia mediterrânica ainda permanecem arreigados na comida tradicional: “ Eu costumo dizer que é o único povo que conheço que, com água, ervas do campo, azeite e pão duro faz um sopa extraordinária”, rematou o médico Carlos Baeta.
SYM/RRL.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben