Alqueva: Mudança de culturas de sequeiro para regadio e falta de apoios são desafios dos beneficiários do Monte Novo
Évora – A transição de culturas de sequeiro para regadio e a falta de apoios ao investimento são os principais desafios da Associação de Beneficiários do Monte Novo (Évora), que recebe sábado o ministro da Agricultura, disse hoje o presidente da organização.
Luís Rosado falava à Agência Lusa a propósito da inauguração sábado do perímetro de rega do Monte Novo, no concelho de Évora, um dos três novos aproveitamentos hidroagrícolas de Alqueva, que totalizam cerca de 19 mil hectares.
O ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, António Serrano, inaugura as novas zonas de regadio de Monte Novo, Alvito/Pisão e Pisão, que envolveram um investimento na ordem dos 131,3 milhões de euros e beneficiam para cima de 2 800 prédios rústicos.
O presidente da Associação de Beneficiários do Monte Novo, Luís Rosado, afirmou que o perímetro de rega, que no ano passado já serviu cerca de três mil hectares, “é uma obra muito importante e traz benefícios para a região”.
Contudo, o também administrador delegado da Fundação Eugénio de Almeida (FEA) explicou que, “para se utilizar completamente a água, estavam prometidas linhas especiais de apoio ao investimento”, para ajudar os agricultores a fazer a transição de áreas de sequeiro para regadio.
“O investimento público está feito. Mas, para se utilizar a água da melhor forma e o mais rápido possível, estavam prometidas linhas especiais de apoio ao investimento, que não se concretizaram”, disse, alegando que “fazer a transição de áreas de sequeiro para regadio é extremamente difícil”.
De acordo com Luís Rosado, os agricultores, que já enfrentam dificuldades financeiras, têm também como obstáculo a falta de “soluções tecnológicas de culturas que sejam rentáveis”.
“Os preços de mercado estão extremamente baixos e os custos de produção e os valores do investimento são muito altos”, afirmou, adiantando que “as ajudas não estão fáceis de se conseguirem”.
A paisagem naquela zona já começou a mudar, principalmente pela introdução de olivais intensivos, disse o responsável, adiantando que a FEA já possui cerca de 300 hectares e prevê plantar mais 60 este ano.
“O olival, para ser viável, tem de ser encarado como uma cultura de regadio, mas com uma utilização relativamente baixa de água”, assegurou.
SYM.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben