AR: Francisco Louçã lança “forte apelo” ao Governo para não reorganizar a “régua e esquadro” rede oncológica
Évora – O coordenador do Bloco de Esquerda lançou ontem um “forte apelo” ao primeiro-ministro para evitar traçar a “régua e esquadro” a reorganização da rede nacional de oncologia, defendendo o aproveitamento das melhores competências instaladas nos hospitais do país.
“Esperamos que o primeiro-ministro seja sensível a este apelo. As decisões têm que ser tomadas com conhecimento, não é com a régua e esquadro de um número burocrático”, disse Francisco Louçã.
O coordenador da comissão política nacional do BE falava aos jornalistas em Évora, depois de reunir com a administração do Hospital do Espírito Santo e visitar as valências da unidade na área da oncologia.
Na véspera de o PSD levar a situação da oncologia a debate no Parlamento, Francisco Louçã pretendeu mostrar que existem boas respostas noutros hospitais do país que não em Lisboa, Porto e Coimbra.
“Este serviço [de Évora], pela sua modernidade, pelos seus equipamentos, alguns dos quais não existem noutros hospitais portugueses, pela proximidade, pela referência para mais de meio milhão de habitantes do Alentejo e do Litoral Alentejano, demonstra que são precisos serviços de oncologia próximos das pessoas”, frisou.
E que, além disso, acrescentou, “possam trazer as melhores competências, os melhores cuidados de saúde, numa distribuição pelo país inteiro que seja equilibrada e sensata”.
O coordenador do BE lembrou que está a ser discutido um projecto de remodelação da rede nacional de cuidados oncológicos, que fixa “um número muito elevado para o número de doentes” que, caso o documento seja aprovado, vai permitir a existência de serviços de oncologia nas unidades hospitalares.
O projecto, que está em discussão pública e que ainda não é uma proposta “fechada”, estabelece, entre outros “requisitos mínimos”, que as unidades só funcionarão se tiverem 500 novos casos por ano e só haverá serviço de oncologia nos hospitais com pelo menos mil novos doentes por ano.
Isto iria “restringir só a Lisboa, Porto e Coimbra” a existência de serviços de oncologia, disse Louçã, que, no final da visita ao Hospital de Évora, lançou um “apelo forte” ao primeiro-ministro, José Sócrates, e à ministra da Saúde, Ana Jorge, para que sejam aproveitadas as capacidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Usem as melhores capacidades que o SNS tem, em Évora como noutros lugares do país”, para que existam “serviços de competência próximos das pessoas e com a melhor resposta necessária para o conjunto destas patologias”.
Para a rede de referência nos tratamentos oncológicos, insistiu, “não pode ser utilizado nenhum procedimento burocrático, de planear o país através de um gabinete, desperdiçando as nossas melhores capacidades”.
Lembrando que foram investidos dez milhões de euros na Unidade de Radioterapia de Évora, inaugurada em Setembro e considerada uma das mais bem equipadas da Península Ibérica, Francisco Louçã alertou ainda que a “melhor política económica” é aquela que “combate o despesismo e utiliza bem os recursos”.
RRL.
Lusa/Tudoben