Arqueologia: Imagem do sítio dos Perdigões pode tornar-se um ícone da pré-história europeia – Miguel Lago
Os resultados da prospecção geofísica realizada no povoado pré-histórico dos Perdigões, com mais de 5000 anos, serão apresentados sábado por Helmut Becker, num colóquio que se realiza no dia 23 em Lisboa.
“A imagem agora obtida do sítio dos Perdigões agora obtida pode tornar-se um ícone da pré-história europeia”, disse à Lusa o arqueólogo Miguel Lago.
O colóquio, no auditório do Metropolitano de Lisboa, ao Alto dos Moinhos, é organizado pela ERA, uma empresa de arqueologia que escava aquele povoado em Reguengos de Monsaraz (Évora) desde 1997.
“Mais de mil anos depois de ter sido fundado, o sítio dos Perdigões terá sido abandonado e a partir daí caído no esquecimento o que serão um dos grandes sítios arqueológicos do apogeu das primeiras sociedades camponeses do Sul da Europa”, explicou à Lusa o arqueólogo Miguel Lago.
A prospecção geofísica, explicou o arqueólogo, é um reconhecimento e caracterização de terrenos com detalhe do seu subsolo com profundidades variáveis que no caso português deram informações muito correctas.
“Os Perdigões que é um projecto ambicioso de investigação internacional, esta prospecção foi feita por um dos maiores especialistas mundiais”, salientou Miguel Lago.
Esta prospecção, financiada essencialmente pela Junta da Andaluzia através da Universidade de Málaga, permitiu “confirmar com segurança a origem do povoado há cerca de 5500 anos, final do Neolítico, tendo o seu final ocorrido há cerca de 4000 anos, final da Idade do Cobre”.
No colóquio, serão debatidas outras pesquisas arqueológicas em que a ERA está envolvida, designadamente as escavações efectuados na antiga residência dos governadores da Torre de Belém, a Pedrouços em Lisboa que “revelaram os vestígios da maior fábrica romana de preparados de peixe até hoje conhecida em Portugal”.
Fundada no século I a fábrica preparava o famoso “garum” (uma pasta feita da maceração de vísceras e pedaços de peixe em salmoura, misturados com especiarias diversas) e que esteve em elaboração até ao século V.
Nestas escavações foi também encontrada uma moeda bizantina do século VI.
Ainda de Lisboa, serão apresentados os resultados das escavações no Palácio Mesquitela (à calçada do Combro) que “permitem compreender a evolução do urbanismo local e as vivências do quotidiano dos habitantes do imóvel, desde a sua origem até ao século XX”.
Outros temas em debate serão o “diagnóstico do estado de conservação e planos de intervenção” das Linhas de Torres, os novos dados encontrados “nos Blocos de Rega de Brinches e Ferreira do Alentejo” na zona do Alqueva e as escavações feitas no Convento das Bernardas em Tavira.
NL.
Lusa/Tudoben