Autarquias/Dinossauros: “Não podia deixar as pessoas no terceiro mundo” – Victor Martelo

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Victor Martelo despertou para a política com o 25 de Abril, leu os programas dos partidos e decidiu-se pelo PS, pelo qual concorreu sempre à presidência da Câmara de Reguengos de Monsaraz (Évora) e a que deu nove vitórias consecutivas.

Tem 73 anos e em 2005 avisou a população que este seria o último mandato, mas promete continuar a desempenhar um papel activo na sociedade civil, no âmbito das sociedades recreativas a que sempre esteve ligado.

Mantém a decisão de não se recandidatar nas autárquicas de 2009.

Filho e neto de alfaiates, chegou a “entreter-se” com o pai a aprender um pouco desta arte, mas acabou por trabalhar como contabilista antes de se dedicar à política.

Desde os 18 anos apaixonado pela columbofilia, chegou a campeão regional e nacional, tornando-se juiz classificador.

“Nos últimos anos não tenho praticado, mas ainda tenho uma pessoa que trata dos pombos”, conta.

Da actividade como autarca, o que lhe deu mais gozo foi uma decisão difícil que teve de tomar na década de 80: queria construir as piscinas em Reguengos de Monsaraz, mas optou por fazer primeiro o saneamento.

“Não podia deixar as pessoas continuarem a viver numa freguesia com cinco aldeias ao nível do terceiro mundo”, afirma, recordando que tanto os seus adversários políticos como os companheiros de partido se inclinavam mais para as piscinas, uma obra também muito ansiada pela população e com um efeito mais visível.

“Diziam que ia perder as eleições, afinal ganhei as duas coisas, foi uma dupla vitória”, considera, remetendo para o início dos anos 90, quando conseguiu finalmente construir o complexo de piscinas.

Vai reformar-se da política, mas diz que tem muitas actividades e promete continuar activo na sociedade civil:” sempre vivi dentro das sociedades, vou continuar ligado”.

Na juventude aprendeu a tocar três instrumentos na Sociedade Filarmónica Harmonia Reguenguense e formou um grupo (FAMAR) que animou as festas da época no concelho.

Diz-se católico à sua maneira.

Chegou a ser eleito deputado à Assembleia da República, mas não era essa a sua vocação. Esteve no hemiciclo 10 minutos, assinou o livro de ponto, tomou posse e de seguida entregou a carta de renúncia ao mandato que já levava escrita de casa.

AH.

Lusa/Tudoben

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