Autárquicas/Beja: Presidente cessante (CDU) “em protesto” ausente da tomada de posse do sucessor (PS)
Beja, 30 Out (Lusa) – O presidente cessante da Câmara de Beja, Francisco Santos (CDU), vai estar hoje ausente da tomada de posse do novo executivo, “em protesto” pela forma como decorreram as eleições autárquicas no Concelho, ditando a vitória do PS.
A cerimónia de tomada de posse dos eleitos da Assembleia Municipal e do novo executivo camarário de Beja, liderado pelo socialista Jorge Pulido Valente, que venceu Francisco Santos, acabando com o domínio comunista de 33 anos, realiza-se hoje, a partir das 10:00, no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
Em comunicado enviado à agência Lusa, Francisco Santos justifica a ausência da cerimónia por estar “em protesto” contra a “forma pouco transparente como decorreram as eleições autárquicas” do passado dia 11, no Concelho de Beja.
O autarca alega que houve “um ‘sindicato de voto’ organizado” por “dirigentes locais do PSD, que conduziram uma campanha para que os seus militantes e simpatizantes votassem não no seu candidato, como seria lógico, mas sim no candidato do PS”, o que “condicionou o resultado eleitoral”.
Segundo Francisco Santos, aquela prática, “frequente em países da América Latina e no Sul de Itália” e “conhecida no Brasil como ‘cambão eleitoral'”, pressupõe “um acordo não declarado” para “obtenção de benefícios pessoais ou de grupo” e representa “uma violação das mais elementares regras democráticas” e “uma verdadeira fraude eleitoral”.
Apesar de ter obtido mais 413 votos do que nas eleições autárquicas de 2005, Francisco Santos perdeu a Câmara de Beja e a CDU passou a segunda força política.
Já o PSD, que obteve 4,98 por cento dos votos, menos 2.121 votos do que em 2005, perdeu o único vereador que tinha no executivo da Câmara de Beja.
Na noite eleitoral de 11 de Outubro, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, já tinha acusado a direita de ter concentrado votos nas listas socialistas para combater a CDU em Beja e criticado a “aliança larga, informal” e os “acordos não escritos” que disse terem existido entre PS, PSD e CDS-PP.
Em reacção, o presidente da Concelhia de Beja dos sociais-democratas, João Paulo Ramôa, considerou um “disparate” a ideia do PCP e garantiu que o PSD “não fez nem fará qualquer acordo político ‘por baixo da mesa'”.
A criação de uma agência de promoção económica e a melhoria dos serviços de higiene e limpeza de Beja serão as prioridades de Jorge Pulido Valente, que vai governar a Câmara com maioria absoluta no executivo mas não na Assembleia Municipal, na qual a CDU tem maioria absoluta.
O PS e a CDU elegeram o mesmo número de deputados à Assembleia Municipal de Beja, nove cada, mas, devido às inerências de funções dos presidentes das juntas de freguesia do Concelho, a CDU fica com 19 deputados municipais e o PS com 15.
Confrontado pela Lusa com este contexto, Jorge Pulido Valente disse que encara a situação “com tranquilidade”, porque “acredita” que a CDU “não vai fazer oposição por oposição” e “irá ter uma postura responsável e cooperar na resolução dos problemas do Concelho” de Beja.
LL.
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