Autárquicas/Beja: PSD considera “disparate” ideia do PCP sobre “aliança” entre PSD e PS para combater CDU
Beja, 14 Out (Lusa) – O PSD considerou hoje um “disparate” a ideia do PCP sobre uma “aliança informal” e “acordos não escritos” entre PS, PSD e CDS-PP para combater a CDU nas eleições autárquicas, permitindo a vitória dos socialistas em Beja.
“Justificar toda a alteração de votos com um acordo secreto ente PS e PSD é um disparate perfeito e não mais do que tentar camuflar as reais responsabilidades que a CDU teve”, afirma o presidente da concelhia de Beja do PSD, João Paulo Ramôa.
O PSD de Beja, cuja candidatura à Câmara local perdeu 2.121 votos nas eleições autárquicas de domingo relativamente às de 2005, “não fez nem fará qualquer acordo político ‘por baixo da mesa'”, garante João Paulo Ramôa, num comunicado enviado hoje à agência Lusa.
Na noite eleitoral de domingo, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou que a direita concentrou votos nas listas socialistas para combater a CDU e criticou a “aliança larga, informal” e os “acordos não escritos” que disse terem existido entre PS, PSD e CDS-PP.
O líder dos comunistas apontou o exemplo de Beja, onde a CDU, apesar de ter obtido mais 413 votos do que nas eleições autárquicas de 2005, perdeu a Câmara para o PS e passou a segunda força política.
Já o PSD, que obteve 4,98 por cento dos votos, menos 2.121 votos do que em 2005, perdeu o único vereador que tinha no executivo da Câmara de Beja.
“O facto é que em Beja subimos [CDU] de votação, com mais percentagem. Do PSD desaparecem 2.000 votos, precisamente os 2.000 votos que deram a vitória ao PS”, afirmou Jerónimo de Sousa.
“Como seria possível esconder um acordo entre 2.121 pessoas, sem que na pacata cidade [de Beja] ninguém tivesse conhecimento, excepto Jerónimo de Sousa no domingo à noite”, questiona João Paulo Ramôa, referindo que “até é um insulto considerar que quem normalmente vota PSD o faz ou não porque os mandam e não porque assim o desejam”.
Lembrando que o CDS-PP e o Bloco de Esquerda perderam votos “num espaço de 15 dias”, das últimas eleições legislativas para as autárquicas de domingo, João Paulo Ramôa questiona: “Terão todos feito acordos?”.
Para tentar “esclarecer” a eventual deslocação de votos do PSD para o PS, João Paulo Ramôa refere que o actual executivo CDU da Câmara de Beja, “através da conhecida “compra” de um vereador socialista [José Monge], adulterou antidemocraticamente o resultado eleitoral [de 2005] e passou a ter uma maioria absoluta que não lhe tinha sido dada nas urnas”.
Mais, “devotou à inutilidade absoluta a representatividade dos 3.056 votos” obtidos pelo PSD nas eleições autárquicas de 2005 e que permitiram a eleição de um vereador, o próprio João Paulo Ramôa, que este ano não se recandidatou e foi substituído por José Pires dos Reis, que não foi eleito.
“Provavelmente, o eleitorado terá pensado que votar PSD com este executivo CDU no poder seria inútil”, refere João Paulo Ramôa.
O socialista Jorge Pulido Valente foi eleito domingo presidente da Câmara de Beja, com maioria absoluta e 45,72 por cento dos votos, acabando com o domínio dos comunistas desde as primeiras eleições autárquicas.
Em 2007, José Monge, um dos três vereadores da oposição socialista na Câmara de Beja, passou a integrar a gestão do município (CDU), com o pelouro da Educação, a meio tempo, após aceitar o convite do presidente da autarquia, o comunista Francisco Santos.
Após esta decisão, a oposição PS, que tinha elegido três elementos, o mesmo número que a CDU, ficou reduzida a dois vereadores e a concelhia socialista de Beja retirou a confiança política a José Monge, que pediu a demissão de membro e consequente desvinculação como militante que foi aceite pelo PS.
LL/JH.
Lusa/Fim