Beja: Pais ficam “com o coração nas mãos” quando deixam filhos na escola
O reforço policial já é hoje visível à porta da escola básica de Beja onde ocorreram vários casos de violência, mas há pais que ainda ficam “com o coração nas mãos” quando deixam os filhos nas aulas.
“Deixo sempre o meu filho na escola ‘com o coração nas mãos’ e vou para o trabalho preocupada”, confessa à agência Lusa Madalena Remédios, enquanto espera pela saída do filho, à porta da Escola Básica 2,3 de Santa Maria.
Quatro dias após a demissão do Conselho Executivo, “saturado” com vários casos de violência, a entrada da escola, a poucos minutos da hora de saída da maior parte dos alunos para o almoço, é policiada por dois agentes da PSP, mais um do que na segunda-feira.
“Hoje há mais polícia”, nota Madalena Remédios, mãe do João Miguel, de 13 anos, que frequenta o 9º ano “sem medo nenhum”.
“O meu João não tem medo nenhum de andar nesta escola. Eu tenho mais do que ele, porque vejo a situação de um outro prisma”, frisa Madalena Remédios, referindo que o filho “porta-se bem, mas há muitos miúdos conflituosos”, que a fazem andar “sempre preocupada”.
O portão principal da escola está fechado e o porteiro só deixa entrar livremente alunos, professores e funcionários, porque, a partir de agora, pessoas exteriores à escola, mesmo pais e encarregados de educação, “só entram com autorização prévia”, explica à Lusa a presidente demissionária do Conselho Executivo, Domingas Velez.
“Acredito que a situação da escola vai melhorar”, diz à Lusa Manuel Serrano, outro pai à espera da saída do filho, mostrando-se “satisfeito” com o prometido reforço da segurança da escola, através de policiamento e dos serviços de uma empresa privada de segurança.
“É uma medida necessária e importante para controlar os casos de violência”, considera Manuel Serrano, que também fica “sempre preocupado” quando deixa na escola o filho, o Vítor Serrano, de 10 anos, que frequenta o 5º ano.
Além do reforço da segurança, Manuel Serrano defende também a “distribuição dos alunos problemáticos que estão concentrados na Escola de Santa Maria por outras escolas de Beja”.
“Esta escola tem muitos alunos de bairros problemáticos que não respeitam ninguém e, volta e meia, provocam conflitos. Depois vêem certos pais, que, em vez de emendar os erros dos filhos, ainda fazem pior”, lamentou.
Na escola de Santa Maria, além de agressões entre alunos, contou Domingas Velez, têm-se registado vários “casos de agressões, a maioria verbais, mas também físicas, a funcionários e professores por parte de elementos exteriores à escola”, como pais e encarregados de educação.
Domingas Velez referiu ainda casos de agressões de pais e encarregados de educação a alunos e a outros pais e encarregados de educação no interior da escola e devido a conflitos entre os filhos e educandos.
“Já são demasiados problemas para o que deveria ser a normalidade de uma escola”, lamentou Domingas Velez, referindo que os casos de agressões “têm vindo a agravar-se nos últimos dois anos” e “desde o início deste ano lectivo têm sido constantes”.
“Até agora o meu filho ainda não teve problemas, mas ouço-o contar muitas histórias que me deixam preocupada”, confessou à Lusa Helena Serafim, mãe do João Serafim, de 10 anos.
Apesar de já ter presenciado “algumas guerreias entre colegas” e dos vários casos de violência, João Serafim, que frequenta o 5º ano, “gosta muito” da escola, onde, tal como o João Miguel, “não tem medo nenhum” de andar.
“Já vi que o medo e as preocupações são coisas das mães e dos pais”, rematou Helena Serafim, entre sorrisos e a olhar para o filho.
LL.
Lusa/Tudoben