Cultura: Câmara de Évora e Turismo do Alentejo unem esforços para criar Museu de Design
A Câmara Municipal de Évora vai estabelecer uma parceria com a Turismo do Alentejo para a criação de um museu de design, que deverá abrir em julho deste ano, revelou hoje a vereadora da cultura da autarquia.
A proposta de protocolo para criação do Museu de Design de Évora – Coleção Paulo Parra, nas instalações do atual Centro de Artes Tradicionais (CAT) da cidade alentejana, foi aprovada na última reunião pública de câmara, gerida pelos socialistas, com os votos favoráveis do PS e PSD e contra da CDU.
Em declarações à Agência Lusa, a vereadora com o pelouro da cultura, Cláudia Sousa Pereira, explicou que a iniciativa partiu da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e do colecionador de arte Paulo Parra, que possui mais de 2500 objetos de design industrial dos séculos XIX e XX.
Um dos exemplares mais importantes da coleção é uma caneta Waterman Regular, comercializada a partir de 1884 e que inaugurou o aparecimento de um novo instrumento de escrita, a caneta de tinta, destacou a autarca.
“É uma coleção muito valiosa”, afiançou Cláudia Sousa Pereira, garantindo que, “pelo prestígio que tem, será uma exposição que seguramente será visitada por muita gente”.
No novo museu, revelou, “haverá um espólio permanente e, porque a coleção é tão grande, vai permitir mostras temporárias e temáticas e também a circulação por outros museus de design”.
O protocolo a celebrar entre as partes prevê a instalação do Museu de Design de Évora – Colecção Paulo Parra no CAT, edifício localizado em pleno centro histórico da cidade e onde atualmente está instalado o espólio de artesanato da Turismo do Alentejo.
O processo promete, no entanto, não ser pacífico, uma vez que já circula na Internet uma petição, promovida pelos artesãos Tiago Cabeça e Magda Ventura, a defender o não encerramento do Centro de Artes Tradicionais.
O documento, com cerca de 280 assinaturas, solicita às entidades envolvidas que encontrem uma solução alternativa que permita não apenas abrir um novo museu de design, mas manter o de artesanato, devidamente enquadrados, cada qual no seu espaço próprio.
“Não sou contra a instalação do museu de design, pelo contrário, mas substituir o museu de artesanato por este não faz sentido. É virar costas à nossa história e àquilo que somos”, afirmou hoje à Agência Lusa o artesão Tiago Cabeça.
Por sua vez, a vereadora da cultura da Câmara de Évora considerou que o Museu de Design “seria uma mais valia para a cidade” e uma forma de rentabilizar um Centro de Artes Tradicionais.
“Aquele museu tem um número de visitas muito baixo, é um espaço muito grande com uma ocupação limitada e estaria subaproveitado”, afirmou Cláudia Sousa Pereira, assegurando que o CAT “teria a ganhar com este espólio [de Paulo Parra] ali exposto”.
Professor da Universidade de Évora, o colecionador de arte Paulo Parra está radicado há muitos anos na cidade alentejana.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben